São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Desde a infância, mulheres fazem mais afazeres domésticos do que os homens

DA SUCURSAL DO RIO

A mulher pode ter ganho espaço no mercado de trabalho, mas dentro de casa praticamente não enfrenta concorrência. A pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que os afazeres domésticos ainda são feitos predominantemente pelas mulheres e essa divisão de tarefas começa desde a infância.
Segundo a pesquisa, em 2006, 49,4% das crianças e dos adolescentes de 5 a 17 anos de idade exerciam afazeres domésticos. A análise dos dados de acordo com a faixa etária mostra que, quanto maior a idade, maior a proporção de mulheres que se ocupam dessas atividades. Na faixa de 5 a 9 anos, 18,8% dos meninos faziam atividades domésticas. Entre as meninas, o percentual é de 30,9%. Aos 16 ou 17 anos, a participação feminina atinge 86,9% e a masculina, 49,4%. A partir dos 18 anos, 92% das mulheres fazem esses serviços.
"O exercício de afazeres domésticos por crianças e adolescentes, em função das tradições que cercam a formação da família brasileira, é destinado com maior freqüência e intensidade às meninas, tendo em vista, entre outros motivos, a perspectiva de que futuramente assumirão a responsabilidade da sua realização e/ou do seu gerenciamento", diz a pesquisa.
Para o psicólogo social e professor da PUC-Rio Bernardo Jablonski, os dados mostram que a entrada da mulher no mercado de trabalho não significou mudanças na divisão de tarefas no lar. "A mulher saiu de casa, mas o homem não entrou. Ainda faz as coisas para ajudar, quebrar um galho. A mulher tem tripla jornada, fora de casa, dentro de casa e ainda tem de arranjar tempo para ginástica e escova progressiva".
Entre as regiões, Norte e Sul apresentam os maiores percentuais de crianças e jovens de 5 a 17 anos que exerciam atividades domésticas, com 54,1% e 54,5%, respectivamente.


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