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PRIVATIZAÇÃO
Modelo para a Vale traria problemas para mercados de ferro, alumínio e transportes, aponta relatório
Venda ameaça livre concorrência, diz Cade
MARTA SALOMON
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
O modelo de
venda da Companhia Vale do
Rio Doce ameaça a livre concorrência nos
mercados de
minério de ferro, alumínio, transportes ferroviários e de operações portuárias,
aponta relatório do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), vinculado ao Ministério
da Justiça.
``A concentração de poder econômico certamente ocorrerá com
a privatização da CVRD, uma vez
que a mesma será adquirida por
um consórcio de grupos que já detém interesses em diversos dos
mercados em que atua a companhia'', diz o documento.
O Cade é o órgão brasileiro de
defesa da livre concorrência. Tem
poder para vetar compras e fusões
de empresas que resultem em domínio de mais de 20% do mercado.
O Cade é presidido pelo economista Gesner Oliveira.
Ao final de 82 páginas de análise
do edital de venda e das principais
consequências da privatização, o
Cade sugere medidas para atenuar
prejuízos à livre concorrência.
Segundo o documento, obtido
pela Folha, a privatização da Vale
pode gerar problemas até no mercado de minério de ferro, onde a
empresa concentra a maior parcela (24%) de seus negócios.
As salvaguardas fixadas pelo edital de venda da Vale não seriam suficientes para conter futuros abusos. Embora protejam parcialmente o mercado de minério de
ferro (carro-chefe da empresa),
deixam descobertos outros setores
de atuação da estatal.
A Vale também influi na formação de preços de operações ferroviárias e portuárias, na produção
de bauxita e alumínio, papel e celulose, além de minerais não ferrosos (cobre, por exemplo).
No edital, foram impostas algumas salvaguardas ao futuro dono
da estatal. Entre elas, limite à participação de mineradoras e siderúrgicas a 45% do capital votante nos
próximos cinco anos e a detenção,
por parte da União, de ações especiais (golden share).
Para o Cade, porém, as salvaguardas ``não são uma garantia
para que o processo competitivo
não seja afetado por processos de
concentração nos mercados, exceto, em alguma medida, no de minério de ferro''.
Os riscos de que a Vale, sob novo
comando, venha a dominar o mercado, prejudicar a concorrência e
manipular preços poderiam ser
atenuados com a adoção de salvaguardas extras.
Numa análise preliminar, o Cade
defende que o novo controlador
não tenha direito a concentrar a
exploração de novas jazidas de minério de ferro.
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