São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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PAINEL

Estoque curto

O governo tem razões concretas para estar muito preocupado com a greve dos caminhoneiros, confirmada para segunda. Recebeu de grandes atacadistas de São Paulo a informação de que o estoque de alimentos perecíveis dura poucos dias.

Recado pela TV

Para tentar desmobilizar os caminhoneiros, o governo cogitou ontem colocar Eliseu Padilha (Transportes) em rede nacional de TV. A idéia foi descartada só no fim da tarde. Avaliou-se que o ministro teria mais audiência dando seu recado nos grandes telejornais.

O que é ruim...

Os gastos do governo podem deixar de ser registrados no Siafi a partir de 2001. É o que propõe o projeto da nova LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) enviado esta semana ao Congresso pelo Palácio do Planalto.

...a gente esconde

É por meio do Siafi que o Congresso acompanha os gastos do governo. Foi assim que se descobriu que Rosane Collor mandava dinheiro da LBA para seus parentes em Alagoas. E que o Planalto comprava goiabada com recursos do FEF.

Trapalhada palaciana

Caiu no descrédito a ameaça do governo de punir aliados infiéis. O Planalto descobriu que estava chantageando o PFL errado -o de Marco Maciel e Bornhausen (SC), que o apoiaram na votação do mínimo.

Canelada

As ameaças de retaliação aos aliados infiéis partiram do 4º andar do Palácio do Planalto, onde se localiza o gabinete de Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral). O PFL não perdoou: "É o submarechal do Carandiru", diz-se no partido.

Tela quente

A sessão do Congresso que discutiu o mínimo teve alto índice de audiência no Planalto. Foi grande o nível de irritação com o desempenho de ACM, que jogou com a oposição. Mas, na hora de falar de retaliação, sobrou para todo mundo, menos para o senador baiano.

Vice-versa

O ex-deputado Fernando Lyra, que cunhou a expressão "vanguarda do atraso" para caracterizar o governo do ex-presidente José Sarney, inventou outra para definir a gestão de Fernando Henrique Cardoso: "atraso da vanguarda".

Duelo anunciado

Mesmo antes de formalizar o apoio à candidatura Erundina (PSB) em São Paulo, o PDT de José Roberto Batochio já disputa a tapa com o PPS de Emerson Kapaz a vice da chapa. A ex-prefeita vai deixá-los brigar. Só deve bater o martelo em junho.

Portas fechadas

O PDT já tem certeza de que não terá a vaga da vice de Marta Suplicy (PT) em São Paulo. No PT, acredita-se que Luiza Erundina (PSB) também deixará os pedetistas a ver navios.

Sherlock catarinense

O governador Esperidião Amin (SC) prepara projeto para contratar a companhia de investigações Kroll para rastrear o dinheiro desaparecido no escândalo dos precatórios. A CPI que investigou o caso estimou o rombo em US$ 120 milhões.

Invasão de território

José Sarney Filho (Meio Ambiente) está fazendo de tudo para indicar o novo presidente da Funai, órgão subordinado a José Gregori (Justiça). Alega que "conhece mais gente" na área.

Visita à Folha

Os arquitetos e urbanistas Cândido Malta Campos Filho, professor de Planejamento Urbano da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), e Nabil Bonduki, professor do Departamento de Arquitetura da Faculdade de Engenharia da USP-São Carlos, visitaram ontem a Folha, a convite do jornal, onde foram recebidos em almoço.

TIROTEIO

De Miro Teixeira (PDT-RJ) sobre a ameaça do governo de demitir apadrinhados dos deputados governistas que fecharam com a oposição na questão do salário mínimo:
- É uma confissão de culpa. A oposição passou anos denunciando que o governo dava cargos em troca de votos no Congresso mas nunca esperou que eles mesmo admitissem.

CONTRAPONTO

Gol político
Em 1964, o jornal "Gazeta de Sergipe" apoiava firmemente o governo de Seixas Dória. Com o movimento militar de março, Seixas Dória foi preso e enviado para Fernando de Noronha, onde também estava encarcerado o governador pernambucano Miguel Arraes.
Imediatamente, os militares designaram um capitão do Exército como censor na "Gazeta de Sergipe".
Logo no primeiro dia, o capitão deu a manchete que deveria ser publicada no dia seguinte: "Brasil vence Rússia com o sangue de seus filhos".
- E a notícia? -perguntou o editor Ivan Valença.
- Só a manchete basta -respondeu o capitão.
Doente, o capitão não apareceu no dia seguinte, mas pediu para Valença uma "manchete parecida", ou seja, algo que atacasse o comunismo então representando pela União Soviética.
A "Gazeta de Sergipe" circulou com a seguinte manchete:
"Brasil vence Rússia com o sangue de seus filhos: 1 x 0".

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