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Covas diz que só age quando houver decisão judicial
da Agência Folha
da Reportagem Local
O governador Mário Covas
(PSDB) reagiu com ironia ontem
ao saber que receberá telegrama
do novo presidente da UDR, Almir Guedes Soriano, em que é
chamado de omisso. A correspondência pede que ele aja para
evitar conflitos no Pontal do Paranapanema. "Por exemplo, evite
que eles (a UDR) dêem tiros nos
invasores", disse o governador.
Covas afirmou que só tomará
medidas após donos de terras invadidas conseguirem na Justiça
liminares determinando a retirada de sem-terra. "Só podemos
entrar em uma área particular para tirar alguém por determinação
de um juiz. É essa a maneira com
a qual o governo pode atuar."
Covas também repudiou a
ameaça de fazendeiros, que prometem reagir às invasões com armas. "Reconheço que existe um
clima de conflito (no Pontal). É
bem verdade que, de um lado,
botaram fogo (em invasões anteriores). Mas, do outro, deram tiro. A lógica também é não dar tiro", disse o governador.
Sobre a possibilidade de reforçar o policiamento para evitar
conflitos, Covas disse que não há
como o governo "adivinhar" onde haverá invasões. "Quem invade, não vai onde tem um batalhão
de policiais", afirmou.
Covas disse acreditar que o clima de conflito no Pontal surgiu
agora devido à redução de desapropriações de terras e ao ano
eleitoral. "Em ano de eleições
acontece de tudo", disse.
Tensão nos discursos
O secretário-adjunto da Justiça
do Estado de São Paulo, Edson
Vismona, 40, disse que a Secretaria de Segurança Pública está monitorando possíveis focos de tensão no Pontal do Paranapanema.
Segundo ele, o quadro é de tranquilidade. "A tensão, por enquanto, está nos discursos".
O secretário disse que as polícias Militar e Civil acompanham
os focos na região, para agir preventivamente e evitar conflitos.
"Se qualquer um dos lados cometer atos de violência, serão punidos, como foram anteriormente."
Vismona rebateu afirmações da
UDR e do MST de que o governo
estadual será responsável por
eventual conflito. Ele disse que
hoje há menos assentamentos
que no início do governo porque
há menos terras disponíveis.
Segundo dados da secretaria,
nos primeiros quatro anos do governo Mário Covas, foram assentadas no Estado 4.406 famílias. No
Pontal do Paranapanema, são
3.383 famílias beneficiadas.
No período, segundo o secretário, o volume de terras devolutas
era grande. Hoje, o governo depende de definições da Justiça sobre áreas não discriminadas.
Segundo Vismona, existem seis
acordos firmados com fazendeiros para arrecadação de uma área
de 8.300 hectares. A área seria suficiente para assentar 340 famílias. Para isso, já foi aprovado um
convênio no valor de R$ 22 milhões e outro de R$ 700 mil, para
vistorias em terras devolutas.
Faltaria apenas, para o início do
trabalho, a assinatura do presidente Fernando Henrique Cardoso ao orçamento deste ano.
A assessoria de imprensa da
Presidência da República e o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) não quiseram
comentar as declarações da UDR.
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