São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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Covas diz que só age quando houver decisão judicial

da Agência Folha

da Reportagem Local

O governador Mário Covas (PSDB) reagiu com ironia ontem ao saber que receberá telegrama do novo presidente da UDR, Almir Guedes Soriano, em que é chamado de omisso. A correspondência pede que ele aja para evitar conflitos no Pontal do Paranapanema. "Por exemplo, evite que eles (a UDR) dêem tiros nos invasores", disse o governador.
Covas afirmou que só tomará medidas após donos de terras invadidas conseguirem na Justiça liminares determinando a retirada de sem-terra. "Só podemos entrar em uma área particular para tirar alguém por determinação de um juiz. É essa a maneira com a qual o governo pode atuar."
Covas também repudiou a ameaça de fazendeiros, que prometem reagir às invasões com armas. "Reconheço que existe um clima de conflito (no Pontal). É bem verdade que, de um lado, botaram fogo (em invasões anteriores). Mas, do outro, deram tiro. A lógica também é não dar tiro", disse o governador.
Sobre a possibilidade de reforçar o policiamento para evitar conflitos, Covas disse que não há como o governo "adivinhar" onde haverá invasões. "Quem invade, não vai onde tem um batalhão de policiais", afirmou.
Covas disse acreditar que o clima de conflito no Pontal surgiu agora devido à redução de desapropriações de terras e ao ano eleitoral. "Em ano de eleições acontece de tudo", disse.

Tensão nos discursos
O secretário-adjunto da Justiça do Estado de São Paulo, Edson Vismona, 40, disse que a Secretaria de Segurança Pública está monitorando possíveis focos de tensão no Pontal do Paranapanema. Segundo ele, o quadro é de tranquilidade. "A tensão, por enquanto, está nos discursos".
O secretário disse que as polícias Militar e Civil acompanham os focos na região, para agir preventivamente e evitar conflitos. "Se qualquer um dos lados cometer atos de violência, serão punidos, como foram anteriormente."
Vismona rebateu afirmações da UDR e do MST de que o governo estadual será responsável por eventual conflito. Ele disse que hoje há menos assentamentos que no início do governo porque há menos terras disponíveis.
Segundo dados da secretaria, nos primeiros quatro anos do governo Mário Covas, foram assentadas no Estado 4.406 famílias. No Pontal do Paranapanema, são 3.383 famílias beneficiadas.
No período, segundo o secretário, o volume de terras devolutas era grande. Hoje, o governo depende de definições da Justiça sobre áreas não discriminadas.
Segundo Vismona, existem seis acordos firmados com fazendeiros para arrecadação de uma área de 8.300 hectares. A área seria suficiente para assentar 340 famílias. Para isso, já foi aprovado um convênio no valor de R$ 22 milhões e outro de R$ 700 mil, para vistorias em terras devolutas.
Faltaria apenas, para o início do trabalho, a assinatura do presidente Fernando Henrique Cardoso ao orçamento deste ano.
A assessoria de imprensa da Presidência da República e o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) não quiseram comentar as declarações da UDR.


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