|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO X PT
Dirceu se reúne com vice-líderes da bancada do PT, mas discussão adia decisão sobre futuro de Lindberg
Governo ameaça radicais com "gelo político"
Alan Marques/Folha Imagem
|
O ministro José Dirceu (Casa Civil) durante reunião com os 23 vice-líderes da bancada ontem |
RANIER BRAGON
JULIANA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva decidiu ontem endurecer a
ofensiva contra os radicais do PT,
com o patrocínio de enquadramentos e ameaças de desligamentos, como forma de tentar contornar a oposição de setores da base
aliada a pontos polêmicos da reforma da Previdência, que chega
amanhã ao Congresso.
A decisão foi afastar todos os radicais de postos de liderança ou
de participação em comissões na
Câmara dos Deputados e no Senado, um "gelo político" cujo objetivo final é forçar os radicais a se
desligarem da legenda.
A articulação foi definida em
reunião ocorrida entre o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o ministro da Previdência,
Ricardo Berzoini, e parlamentares do chamado "campo majoritário" do PT, que apóia o governo.
"Quem fizer campanha de dentro do PT contra o PT está se pondo fora do PT", afirmou o deputado Professor Luizinho (SP), vice-líder do governo na Câmara e um
dos presentes à reunião.
A gota d'água para a ação foi a
visita que a senadora Heloísa Helena (PT-AL) e o deputado Lindberg Farias (PT-RJ) fizeram anteontem ao presidente nacional
do PDT, Leonel Brizola. Os três
criaram uma espécie de oposição
organizada à cobrança de contribuição dos servidores inativos,
um dos principais pontos da reforma da Previdência. Além disso, ameaçaram entrar na Justiça
contra a campanha publicitária
do governo relativa à reforma.
"Isto é ser apunhalado pelas
costas, não tenho sangue de barata", afirmou o presidente nacional
do PT, José Genoino, acrescentando que os petistas que fizerem
oposição organizada ao governo
estão se "desligando automaticamente do partido".
À noite, numa reunião dos 23
vice-líderes da bancada com o ministro José Dirceu (Casa Civil), o
deputado Paulo Bernardo (PT-PR) pediu que Lindberg se retratasse ou renunciasse à condição
de vice-líder do partido. Bernardo
também pediu a ele que saísse da
reunião, já que se tratava de um
encontro de quem apóia o governo. Lindberg respondeu: "Tá
bom, eu saio".
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), porém, pediu que ele ficasse
para que Lindberg não saísse como vítima. Diante disso e para
evitar um tumulto, os petistas deixaram a decisão para hoje na reunião de bancada.
A posição do governo e da direção partidária é clara: Lindberg e
Heloísa Helena devem voltar
atrás na decisão de entrar na Justiça contra a campanha publicitária
do governo a favor das reformas
previdenciária e tributária. Do
contrário, serão punidos.
No caso de Lindberg, a posição
da maioria da bancada na Câmara, num primeiro momento, será
destituí-lo do cargo de vice-líder.
Além disso, o PT vai substituir alguns de seus integrantes na comissão que já discute a reforma
da previdência e que mais tarde
será transformada na comissão
especial para tratar da proposta.
Pelo menos três de seus seis representantes na comissão são contrários à cobrança de contribuição
dos inativos.
Na reunião, Dirceu, que chegou
a ameaçar não participar devido à
presença de Lindberg, evitou se
envolver na discussão de Paulo
Bernardo com Lindberg. "Não é
meu papel, mas de vocês com Genoino", disse. "Vamos enquadrar
sim, caso contrário, em uma bancada de 92 deputados, seremos
enquadrados por cinco ou seis",
disse Bernardo antes da reunião.
Colaborou RAYMUNDO COSTA, da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Berzoini admite dificuldade no PT Índice
|