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Berzoini admite dificuldade no PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma reunião de mais de
cinco horas, o ministro Ricardo
Berzoini (Previdência) tentou
convencer ontem a bancada do
PT na Câmara a apoiar pontos
polêmicos da proposta do governo na reforma da Previdência.
Depois do encontro, ele reconheceu que o governo precisará de
mais tempo para isso. "Percebi
que a maioria da bancada já está
com uma grande simpatia pela
proposta. Agora é uma questão de
ajustar alguns posicionamentos e
entender que as divergências são
democráticas", afirmou.
Segundo o ministro, o governo
terá tempo para conversar com a
bancada para "formatar a opinião" dos congressistas do partido. "O objetivo dessa reunião não
era convencer os parlamentares.
Foi uma primeira conversa depois da apresentação formal da
proposta. Temos um longo prazo
para conversar com a bancada."
Berzoini criticou o fato de congressistas da ala radical do PT terem participado de um encontro
no fim de semana com o presidente do PDT, Leonel Brizola.
"Não aceitamos posicionamentos
desleais. Parlamentares que articulam posições contra o governo
é inaceitável", declarou.
A deputada Luciana Genro
(RS), da ala radical do partido,
disse que a reunião com Berzoini
não foi produtiva. "Ele não veio
disposto para um debate, veio defender a proposta fechada com os
governadores", afirmou ela.
O presidente do PT, José Genoino, disse que o encontro de ontem
foi apenas um dos vários que serão realizados com a bancada do
partido para debater as reformas.
"No final do mês que vem, haverá
um seminário nacional em São
Paulo, o que não faltará é debate."
Discurso
Para tentar vencer a resistência à
reforma previdenciária no próprio PT, o governo mudou o discurso e passou a justificar a mudança nas regras de aposentadoria dos servidores públicos não
mais pela necessidade de conter
gastos públicos, mas como um
meio de fazer justiça social.
Em dois textos distribuídos ontem aos 92 deputados petistas, o
ministro Ricardo Berzoini atacou
os principais argumentos contrários às mudanças. Num trecho,
pergunta: "A reforma é uma exigência do FMI (Fundo Monetário
Internacional)?". Ele mesmo responde que não, embora o compromisso de aprovar as mudanças venha sendo reiterado pelo
Ministério da Fazenda às autoridades do Fundo.
O ministro insiste em que o país
não vai quebrar se a reforma não
for feita. Mas defende que, sem reforma, não haverá dinheiro público suficiente para programas sociais, por exemplo.
(JULIANNA SOFIA, FERNANDA KRAKOVICS E MARTA SALOMON)
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