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JANIO DE FREITAS
O bom empregador
Para quem ia criar 10 milhões
de empregos, a idéia de Lula
de aumentar em 50 mil o número
de recrutas das Forças Armadas,
para diminuir o desemprego que
bate recordes, tem o mérito de ser
cômica.
Mais eficiente, até por ter passado do estágio de idéia para o de
prática presidencial, é outra modalidade de oferta de emprego. A
inconveniência foi a limitação da
oferta a uma área muito determinada: o PMDB. Ainda assim, a
demanda se mostrou maior do
que os empregos disponíveis, o
que levou Lula a entregar cargos
técnicos, como presidente da Eletrobrás, diretores do Banco do
Brasil, do INSS, dos Correios e outros a escolhidos da cúpula peemedebista. Não solucionada ainda a insuficiência de cargos influentes para a voracidade do
PMDB, o governo Lula está inventando mais uma vice-presidência na Caixa Econômica Federal.
Toda essa generosidade se faz
ainda sob o argumento de compor as bases governistas na Câmara e no Senado, tal como, no
começo do ano, o governo considerou composta a sua base parlamentar a partir da entrega de ministérios ao PMDB.
Apesar de haver ainda quem diga que o governo Lula "resistiu à
pressão" e "não entregou outros
cargos pedidos" pelo PMDB, além
dos dois ministérios, agora se
constatam passos mais além até
do que as graciosas cessões aos
peemedebistas. E além não só nas
nomeações em si, mas sobretudo
no sentido que as induz. Não são
mais nomeações sob o argumento
de compor base parlamentar. Vão
passando meio despercebidas como ato de governo e são de todo
despercebidas na sua finalidade:
decorrem das negociações com o
malufista PP para apoiar a candidatura de Marta Suplicy à reeleição.
É o governo federal em campanha partidária. Como bem ilustram os estrelados jardins palacianos.
Desamparo
Não há por que se afligir com a
venda da Embratel para este ou
aquele interessado. Do ponto-de-vista do consumidor, não há diferença fundamental entre os três
candidatos. Nem a legislação deixada por Fernando Henrique ou
as disposições do governo atual
resguardam o interesse do consumidor, seja impondo condições de
competição verdadeira, seja impondo aos serviços preços justificáveis. Além disso, os três candidatos moveram-se pelo mesmo
fim: o maior lucro possível neste
país de lucros impossíveis em outros países.
Os réus
O julgamento do senador João
Capiberibe e de sua mulher, deputada Janete Capiberibe, cujos
mandatos foram cassados pelo
Tribunal Superior Eleitoral, pôs
em lados opostos magistrados
com conceitos equivalentes de seriedade. Mas no processo contra o
competente e dedicado senador,
movido por um adversário cuja
crônica é muito onerosa, há um
componente que acentua dúvidas
sobre a cassação. É o pedido feito,
e gravado, por uma das duas mulheres que teriam recebido R$ 26
para votar no casal: por R$ 60 mil,
inverteria o depoimento acusatório.
Campanha eleitoral no Brasil é
mais do que vale tudo. Mas a cassação de Capiberibe, pendente
ainda de recurso ao Supremo, é
no mínimo polêmica. Ainda mais
quando se sabe que, sobre Joaquim Roriz, governador do Distrito Federal, pesam processos muito
graves, como o de uso eleitoral de
recursos públicos, e as sentenças
não aparecem.
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