São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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DISTRITO FEDERAL

Governador e sua vice são acusados por promotores de desviar recursos para a campanha de reeleição em 2002

Aliados pressionam contra cassação de Roriz

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aliados do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), montaram uma operação para pressionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pela não-cassação do peemedebista.
Ele e a vice-governadora, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), são acusados pelo Ministério Público de abuso de poder econômico.
Uma das armas da operação é levar funcionários do governo distrital hoje ao TSE, onde ocorrerá o julgamento, à noite.
Funcionários com cargos comissionados têm sido "avisados" de que sua situação ficaria incerta no caso de cassação, já que não têm estabilidade no emprego.
A Folha participou de uma das reuniões realizadas ontem pelo Instituto Candango de Solidariedade (ICS) nas sedes das administrações regionais. O instituto é responsável pela contratação de parte dos trabalhadores. Não houve uma convocação direta, mas um aviso de que o comparecimento seria importante.
O porta-voz do governo distrital, Paulo Fona, negou a convocação de funcionários para qualquer ato. "Há 20 dias o governador Roriz determinou que não queria manifestações porque confia na Justiça eleitoral", disse.
Carros de som em apoio ao governador também percorreram pelo menos três cidades-satélites, segundo relato de moradores.
Por outro lado, os sindicatos de servidores do DF favoráveis à cassação e que circulam no Plano Piloto desde o final da semana passada com carros de som reclamaram da apreensão de três veículos. Segundo a Polícia Civil, os carros estavam com documentação insuficiente ou não tinham autorização para a circulação. Os sindicalistas também convocam a população para o julgamento.

Expectativa
A cassação, anteontem, do senador João Capiberibe (PSB-AP) e da mulher dele, Janete Capiberibe (PSB-AP), por compra de votos em 2002, gerou forte expectativa de condenação de Roriz no meio político. Se a cassação ocorrer, o TSE decidirá se convoca nova eleição ou se o petista Geraldo Magela, que ficou em segundo lugar em 2002, assume. Mas, diferentemente do caso de Capiberibe, Roriz e Abadia poderão permanecer no cargo até que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue recurso movido por eles, disse um ministro do TSE.
Advogados da área eleitoral ouvidos pela Folha disseram que o resultado do julgamento de Roriz é imprevisível. Para eles, o caso Capiberibe não servirá de referência para o de Roriz porque são processos com diferenças técnicas fundamentais.
Segundo a investigação prévia realizada por procuradores eleitorais, Roriz e sua vice desviaram dinheiro da Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto) para a campanha que reelegeu o governador.
Entre julho e setembro de 2002, conforme a acusação, a Codeplan liberou R$ 32 milhões para o ICS (Instituto Candango de Solidariedade), a entidade de assistência social do governo, que repassou o dinheiro para as empresas Linknet e Adler. A primeira teria fornecido carros para a campanha, e a segunda, montado os comitês.
Roriz e Abadia dizem que as duas empresas já eram prestadoras de serviços do próprio ICS.
Em parecer de junho de 2003 no qual sugere a cassação dos mandatos, o ex-procurador-geral eleitoral Geraldo Brindeiro disse que o caso é semelhante ao de Francisco de Assis Souza, do Piauí, o Mão Santa, primeiro governador cassado pelo TSE, em 2001.
(ANA FLOR E SILVANA DE FREITAS)


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