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DISTRITO FEDERAL
Governador e sua vice são acusados por promotores de desviar recursos para a campanha de reeleição em 2002
Aliados pressionam contra cassação de Roriz
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aliados do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz
(PMDB), montaram uma operação para pressionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pela não-cassação do peemedebista.
Ele e a vice-governadora, Maria
de Lourdes Abadia (PSDB), são
acusados pelo Ministério Público
de abuso de poder econômico.
Uma das armas da operação é
levar funcionários do governo
distrital hoje ao TSE, onde ocorrerá o julgamento, à noite.
Funcionários com cargos comissionados têm sido "avisados"
de que sua situação ficaria incerta
no caso de cassação, já que não
têm estabilidade no emprego.
A Folha participou de uma das
reuniões realizadas ontem pelo
Instituto Candango de Solidariedade (ICS) nas sedes das administrações regionais. O instituto é
responsável pela contratação de
parte dos trabalhadores. Não
houve uma convocação direta,
mas um aviso de que o comparecimento seria importante.
O porta-voz do governo distrital, Paulo Fona, negou a convocação de funcionários para qualquer ato. "Há 20 dias o governador Roriz determinou que não
queria manifestações porque
confia na Justiça eleitoral", disse.
Carros de som em apoio ao governador também percorreram
pelo menos três cidades-satélites,
segundo relato de moradores.
Por outro lado, os sindicatos de
servidores do DF favoráveis à cassação e que circulam no Plano Piloto desde o final da semana passada com carros de som reclamaram da apreensão de três veículos.
Segundo a Polícia Civil, os carros
estavam com documentação insuficiente ou não tinham autorização para a circulação. Os sindicalistas também convocam a população para o julgamento.
Expectativa
A cassação, anteontem, do senador João Capiberibe (PSB-AP) e
da mulher dele, Janete Capiberibe
(PSB-AP), por compra de votos
em 2002, gerou forte expectativa
de condenação de Roriz no meio
político. Se a cassação ocorrer, o
TSE decidirá se convoca nova
eleição ou se o petista Geraldo
Magela, que ficou em segundo lugar em 2002, assume. Mas, diferentemente do caso de Capiberibe, Roriz e Abadia poderão permanecer no cargo até que o STF
(Supremo Tribunal Federal) julgue recurso movido por eles, disse um ministro do TSE.
Advogados da área eleitoral ouvidos pela Folha disseram que o
resultado do julgamento de Roriz
é imprevisível. Para eles, o caso
Capiberibe não servirá de referência para o de Roriz porque são
processos com diferenças técnicas fundamentais.
Segundo a investigação prévia
realizada por procuradores eleitorais, Roriz e sua vice desviaram
dinheiro da Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto) para a campanha que reelegeu o governador.
Entre julho e setembro de 2002,
conforme a acusação, a Codeplan
liberou R$ 32 milhões para o ICS
(Instituto Candango de Solidariedade), a entidade de assistência
social do governo, que repassou o
dinheiro para as empresas Linknet e Adler. A primeira teria fornecido carros para a campanha, e
a segunda, montado os comitês.
Roriz e Abadia dizem que as
duas empresas já eram prestadoras de serviços do próprio ICS.
Em parecer de junho de 2003 no
qual sugere a cassação dos mandatos, o ex-procurador-geral eleitoral Geraldo Brindeiro disse que
o caso é semelhante ao de Francisco de Assis Souza, do Piauí, o Mão
Santa, primeiro governador cassado pelo TSE, em 2001.
(ANA FLOR E SILVANA DE FREITAS)
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