São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Meio-termo

Cercado por opiniões divergentes sobre o projeto de lei que recria as Zonas de Processamento de Exportações, Lula manifestou a auxiliares a intenção de apoiar solução intermediária. O presidente não rejeitaria as ZPEs, sinônimo de farra fiscal e de coisas piores no entender do governador José Serra (PSDB-SP) e de parte do governo federal, notadamente a equipe econômica. Mas também não apoiaria a proposta nos termos em que está no Congresso, como querem os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). A idéia de Lula é fazer uma "experiência" com algo como quatro ZPEs, todas localizadas perto de infra-estrutura já construída e exclusivamente voltadas para exportação -o projeto de lei permite a venda de parte da produção para o mercado interno.

Para registro 1. Cerca de um mês atrás, antes de ser enquadrada por Lula, Marina Silva fez chegar ao presidente o aviso de que pretendia deixar o governo. Seu litígio com Dilma Rousseff a propósito da demora na concessão das licenças ambientais para as obras das hidrelétricas do rio Madeira estava no pico.

Para registro 2. Avaliando que Marina na verdade queria ficar, Lula teve então "a" conversa -semanas antes de dizer ao Conselho Político que pretendia chamá-la para conversar. Foi taxativo na exigência de que o Ibama saísse da frente das obras do PAC, mas prometeu apoio nas mudanças de equipe que a própria Marina sugeriu fazer.

Vapt-vupt. O próprio Planalto se espantou com a rapidez com que Marina, depois do encontro com Lula, ceifou cabeças no Meio Ambiente. A avaliação no palácio é que a ministra, sem prejuízo de suas convicções preservacionistas, estava louca para se livrar de alguns subordinados dos quais se sentia refém.

Lost... Renomado economista de Harvard, Dani Rodrik destacou em seu blog a ida para Brasília do colega Roberto Mangabeira Unger, "um dos homens mais inteligentes e impenetráveis que já conheci". Mangabeira, explica Rodrick, "comandará um novo ministério que tem o inacreditável nome de Secretaria de Ações de Longo Prazo".

...in translation. Rodrik conta que deu um curso em Harvard junto com Mangabeira, "importante fonte de inspiração" para o economista, ainda que este tivesse dificuldade em acompanhar o colega: "Costumava brincar que precisei de três anos para entender o que ele dizia".

A muralha. Um petista graúdo explica em termos simples por que Lula tirou a chefe da Casa Civil do grupo de ministros encarregado de equacionar as demandas dos partidos: "O problema é que a Dilma não quer dar cargo nenhum para ninguém".

Repescagem. O afastamento de Dilma do risque-e-rabisque da distribuição de cargos foi fundamental para elevar as chances de gente como o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde, que o PMDB quer instalar em Furnas.

Longo prazo. Os ansiosos que se conformem ou recorram a medicamentos: Lula não dá o menor sinal de ter pressa em encerrar a novela do segundo escalão.

Protocolo. De acordo com a programação oficial, apenas Lula e Marisa terão encontro reservado com Bento 16 no Palácio dos Bandeirantes, no dia 10 de maio. José Serra, embora esteja escalado para recepcionar o papa na sede do governo paulista, vai conversar com ele horas mais tarde no mosteiro de São Bento.

Dois é bom. PT, PMDB e PC do B do Paraná assinaram protocolo de composição das siglas nas eleições municipais de 2008. Em Curitiba, porém, a idéia é lançar a petista Gleisi Hoffmann e o peemedebista Rafael Greca para que Beto Richa (PSDB) não nade de braçada rumo à reeleição.

Tiroteio

"A política assumiu forma de espetáculo para acomodar a insegurança das pessoas, e não para modificar de fato a realidade".
Da senadora LÚCIA VÂNIA (PSDB-GO) sobre a aprovação, na CCJ do Senado, de projeto que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos.

Contraponto

Desorientado

Arlindo Chinaglia (PT-SP) comandava reunião do colégio de líderes da Câmara na quinta-feira quando Abelardo Lupion (DEM-PR), sentado à direita da mesa, pediu a palavra. Em razão do burburinho, o presidente não ouviu direito de onde vinha a voz e começou a procurar o solicitante olhando à sua esquerda. Quando finalmente localizou Lupion no outro extremo, Chinaglia pediu desculpas.
Renildo Calheiros (PC do B-AL) aproveitou a deixa para fazer graça com o novo nome dos ex-pefelistas:
-É compreensível, presidente. O habitat natural de democratas costuma ser mesmo a esquerda.


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