São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Aqui e ali

Ouvido pela rádio Gaúcha, Fernando Pimentel, um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, prescreveu para a candidata "respostas mais objetivas e curtas, sob pena de terminar uma entrevista sem conseguir passar o recado inteiro". Sua fala nada teve de alarmista, descrevendo o momento atual como preparação para que "em julho ela esteja em ponto de bala". Ainda assim, foi o primeiro reconhecimento público da necessidade de ajustes -que petistas sem voz ativa na campanha reivindicam há quase um mês.
Também ontem, Ricardo Kotscho, ex-secretário de Imprensa de Lula, escreveu em seu blog que "Dilma começou a campanha com tropeços verbais, agenda errática, coordenação inchada e mau uso da estrutura de internet, que mais atrapalha do que ajuda".



Contexto 1. Duda Mendonça, que recomendou em palestra na terça "deixar Dilma ser como ela é", tentou em janeiro oferecer seus serviços à candidata do PT -assim como já havia tentado se aproximar de José Serra (PSDB). O movimento foi abortado por Lula, que impôs João Santana na comunicação.

Contexto 2. O marqueteiro do mensalão, segundo quem "com Serra ou Dilma a gente está bem servido", tem contas tanto no governo federal quanto no de São Paulo.

Solidário. De Aécio Neves, que recebeu Serra ontem em Minas Gerais: "Ciro Gomes tem três grandes qualidades: é probo, preparado e pensa o Brasil. Sua saída da disputa presidencial empobrece o debate. Espero que ainda tenhamos a oportunidade de construir coisas juntos".

#prontofalei. Surpreendido com as falas enxutas (não mais do que dois minutos cada) de Rodrigo Maia (DEM) e Roberto Freire (PPS) em Uberlândia, Serra brincou: "Esses dois aprenderam a fazer discurso-Twitter".

Chá verde. Presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Kátia Abreu (DEM-TO) convidou Marina Silva (PV-AC) para um encontro. Quer ouvir a opinião da colega de Senado e candidata ao Planalto sobre o projeto Bioma, resultado de parceria da entidade do agronegócio com a Embrapa.

Estica... Opção única de palanque para Serra em Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB) avisou aos tucanos que não topa disputar o governo. Reclamou da dificuldade em engajar prefeitos, que não querem se opor ao governador Eduardo Campos (PSB). E ainda alfinetou Sérgio Guerra, coordenador da campanha tucana, por resistir à ideia de buscar novo mandato no Senado, uma das exigências de Jarbas para concorrer.

...e puxa. Depois de uma conversa tensa, os tucanos conseguiram empurrar a decisão de Jarbas para a semana que vem com um único objetivo: que Serra entre em campo para tentar convencê-lo.

Acertos. A engenharia que levou o governador Paulo Hartung (PMDB) a rifar Ricardo Ferraço (PMDB) e apoiar Renato Casagrande (PSB) no Espírito Santo tem como pano de fundo, além do receio de fiasco eleitoral, os ajustes entre PSB e PT. O acordo capixaba prevê que os petistas indicarão o vice, à espera de reciprocidade em outras praças, como São Paulo.

Sombra. O deputado Augusto Farias, irmão de PC, é um dos petebistas cotados para vice de Ronaldo Lessa (PDT) ao governo de Alagoas. O outro nome em discussão é do ex-deputado João Lyra.

Tintas. Relatório do senador ACM Júnior (DEM-BA) na Comissão de Constituição e Justiça sobre o projeto de capitalização da Petrobras, considerado pelo governo o mais importante do pré-sal, recomenda a rejeição da proposta por suposta inconstitucionalidade. O texto ficou pronto depois de o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), ter afirmado que "vai para o pau" contra a oposição.


com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS

Tiroteio

O Serra parece o gênio da lâmpada: promete tudo. Daqui a pouco, vai prometer o céu e a lua embrulhados em papel de presente.
De VANESSA GRAZZIOTIN (AM), líder do PC do B na Câmara, sobre a proposta do tucano de tornar perene a Zona Franca de Manaus.


Contraponto

Toma lá, dá cá

Em recente discurso na reserva Raposa-Serra do Sol, Lula reprovou "aqueles que ainda dizem ter pouco índio para muita terra" e criticou os arrozeiros que ocupavam a região. De repente, o presidente se deu conta de que, tão logo terminasse de falar, teria uma reunião a portas fechadas com o conselho indígena. Ele então interrompeu o discurso, olhou para os representantes das diferentes etnias e comentou, despertando gargalhada geral:
-A gente começa a descobrir que os índios estão muito mais sabidos do que a gente pensa... Eles me entregaram com uma mão um documento agradecendo e com a outra mais 20 documentos reivindicando...


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