São Paulo, terça, 29 de abril de 1997.

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NO AR
Django

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Foram cenas, sobretudo as do Jornal da Band, de filme de cangaço, ou de faroeste. De faroeste era o apelido do ``jagunço'', como descreveram Band e CNT: Django.
Usava um chapéu negro, colete, botas; um cowboy. Dizia Django, entrevistado:
- Está faltando justiça. Estou aqui para cumprir o meu papel. Não sou pistoleiro. Só quero o que é certo.
Andava pela fazenda, no Paraná, ameaçando aos gritos os sem-terra:
- Só quer terra? Quer?
Brandia revólver, apontava, derrubava barracos.
Foi a segunda cena, na Band. A primeira tinha uma sem-terra assustada, com um bebê no colo:
- Eles me bateram, empurraram, pararam dois revólveres assim em mim...
A terceira cena trazia os sem-terra expulsos. A locução, sobre imagens e tiros:
- Pela manhã já eram dezenas de homens armados e encapuzados. Com os olhos voltados para a sede, onde acreditavam que os jagunços estavam... Avançam e começam a atirar. Invadem a casa. Não encontram ninguém. Partem para a casa do administrador, que sai com a família em meio ao tiroteio. A casa é invadida...
Uma voz:
- Ai, não atira! Não!
Cercam um jovem, que apanha. Diálogo pouco discernível em meio aos gritos:
- Você é o diabo!
- Eu trabalho!
- Trabalha? Trabalha?
Leva uma coronhada.
A última cena no faroeste da Band trouxe o corpo de Django, morto com um tiro na cabeça, no chão.

Lindberg Farias, do PC do B, surgiu ao vivo na Manchete, jogando-se contra a polícia, caindo, chorando.
Enéas, do Prona, surgiu em análises na Record, ameaçadoramente nacionalista, citando militares.
A privatização da Vale acordou o passado.

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