São Paulo, terça, 29 de abril de 1997.

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REFORMA AGRÁRIA
Delegado afirma que houve violência dos dois lados; MST nega em nota responsabilidade pelo crime
Sem-terra mataram segurança, diz polícia

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Tamarana


O delegado regional de Londrina, Leonyl Ribeiro, designou ontem o delegado do 4º Distrito Policial, Jurandir Gonçalves André, para apurar a morte do segurança José Lopes Oliveira, 35, o ``Django'', em confronto anteontem com sem-terra na fazenda Borborema, em Tamarana (norte do Paraná).
Leonyl Ribeiro acompanhou ontem gravações da TV Londrina (afiliada da Rede Bandeirantes) em que o segurança morto aparece ameaçando os sem-terra.
As gravações mostram também o momento em que um grupo de sem-terra invade a casa do administrador.
Segundo ele, houve ``violência dos dois lados e ficou claro que o homem (``Django'') morreu pelos sem-terra. Dá para ouvir os disparos e depois ele morto''. Uma perícia técnica realizada pela polícia de Londrina diz que ele foi executado.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais em Terra) do Paraná emitiu uma nota na tarde de ontem negando responsabilidades na morte de ``Django''. Segundo a nota, os sem-terra invadiram a casa do administrador porque ``corriam risco de vida''.
Os sem-terra que ocupam a fazenda Borborema, invadida há dez meses por 60 famílias, apontam as provocações de ``Django'' contra eles como a principal causa de sua morte.
``Django'', líder de um grupo de sete seguranças contratados por Chafic Bhurian -proprietário da fazenda- para desocupar a área, foi morto com um tiro na testa na manhã de domingo, na casa do administrador da Borborema, Jeremias Gonçalves.
Um grupo de 20 sem-terra é acusado por Gonçalves pela morte de ``Django''. Outro segurança, Edson Ricardo Sena, 22, foi ferido na perna com um tiro e teria sido espancado pelos sem-terra. Um sem-terra não identificado foi ferido na perna direita durante o conflito.
O vice-presidente da Sociedade Rural do Paraná, Luiz Roberto Neme, disse que a entidade exigiu ontem da Secretaria de Segurança do Paraná ``a imediata prisão dos culpados pela morte do rapaz''.

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