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MP considera defesa de Lopes ilegal
RICARDO GALHARDO
enviado especial ao Rio
Os procuradores da República
no Rio Bruno Caiado Acioli e Raquel Branquinho disseram ontem
que não existe base legal para a argumentação usada pelo ex-presidente do Banco Central Francisco
Lopes na CPI dos Bancos, quando
se negou a assinar um termo de depoimento sob a alegação de que
era acusado e não testemunha.
Segundo os procuradores, não
existe denúncia formal contra Lopes. "Ele não é indiciado, não é réu
e comparecerá à Polícia Federal ou
qualquer outro órgão de investigação na condição de testemunha",
disse Acioli.
Lopes deve ser convocado novamente a depor no inquérito criminal movido pela Polícia Federal
que investiga as operações de socorro financeiro aos bancos Marka
e FonteCindam. "Espero que ele
seja ouvido novamente pela PF",
disse o procurador Davy Lincoln
Rocha. Data e local do novo depoimento ainda não foram definidos.
De acordo com Acioly, mesmo
na condição de testemunha, Lopes
poderá repetir, na PF, a estratégia
usada na CPI, segunda-feira,
quando se manteve em silêncio.
"Ele é obrigado a depor, sim, mas
tem o direito constitucional de não
responder às perguntas que possam incriminá-lo", afirmou.
Segundo o procurador, o Ministério Público não poderá usar o
eventual silêncio de Lopes em uma
possível ação penal contra o ex-presidente do BC. "Existe um dispositivo no Código de Processo
Penal dizendo que o silêncio do
réu será interpretado contra ele.
Mas esse dispositivo é considerado
inconstitucional", disse Acioli.
A Folha apurou que os procuradores acreditam que Lopes está
tentando ganhar tempo para forjar
uma justificativa para a existência
do suposto US$ 1,6 milhão que teria numa conta no exterior.
Na opinião de Raquel Branquinho, o depoimento do ex-diretor
de Fiscalização do BC Cláudio
Mauch à CPI , anteontem, deixou
pontos a serem esclarecidos. "Ele
explicou as coisas de forma genérica, e algumas perguntas ficaram
sem resposta", afirmou.
Segundo ela, os próximos passos
do Ministério Público são analisar
as informações coletadas até agora
e aguardar o resultados das perícias dos documentos apreendidos.
Todo o material de informática
apreendido foi levado para análise
no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília.
Sigilo aberto
Ontem o advogado Manoel Messias Peixinho, que representa Fábio Lyrio e Estevão Kopschitz, sócios da Macrométrica, protocolou
uma petição no MP autorizando a
abertura do sigilo bancário, fiscal e
telefônico de seus clientes.
"Esse documento não nos diz nada", disse Davy Lincoln. A CPI dos
Bancos já determinou a quebra do
sigilo bancário e fiscal de todos os
sócios da Macrométrica.
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