São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2001

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JANIO DE FREITAS

O corte mais fundo

A redução obrigatória de 20% fixada logo nas primeiras medidas repressivas do consumo de energia, além de não se fundar em estudo que justifique o percentual, incluiu um elemento adicional de arrocho que o governo não divulgou aos consumidores.
Ao determinar junho e julho de 2000 como os meses de comparação, para o consumidor medir os 20% a serem cortados, o governo usou como pretexto o início do racionamento agora em 1º de junho, mas o motivo foi outro: os 60 dias escolhidos como base incluíram, como a cada ano, um período de férias que torna o consumo ainda mais baixo do que no outono antes de junho e no inverno depois de julho.
Previsto que o racionamento perdure até fim de novembro, o critério lógico e sem má-fé adotaria a média do consumo entre junho e novembro de 2000, como base comparativa para a redução obrigatória.
Como foi feito, nos meses de inverno com atividades normais -agosto, setembro, outubro, novembro-, o consumidor terá que reduzir mais do que 20% do seu consumo normal nessa fase, inclusive em 2000.

Mães-bentas
Soldados da Polícia Militar do Tocantins, os quais os jornalistas dizem que estão em greve, na quinta-feira perseguiram armados seus oficiais, que, para se salvar, refugiaram-se em quartel do Exército. Desde então, com todas as armas da corporação, entrincheiraram-se em seus quartéis e não seguem ordens de comando, se acaso as recebem.
Greve? Grevistas? Assunto para os cafundós dos jornais e telejornais durante tantos dias?
O que se passa no Tocantins é rebelião da PM, insurreição ou coisa que o valha. Greve, só mesmo no vocabulário viciado em adocicar, todos os dias, tantos dos fatos reduzidos a notícias.

Auto-retrato
Ao assumir a responsabilidade pessoal de indeferir, sem o levar até a Comissão Especial, o requerimento dos cinco grandes juristas de processo contra Fernando Henrique Cardoso, o deputado Aécio Neves já se definiu como mais um a usar a presidência da Câmara não para a Câmara e para o país, mas para o governo e o presidente, componentes de outro Poder.
Os mineiros já têm idéias mais aprimoradas, se acaso ainda houvesse o que aprimorar, sobre o pretendente do PSDB ao governo de Minas. Há o que saber a mais, sim: se Aécio Neves iria até o Palácio das Mangabeiras como anda da Câmara ao Planalto -de joelhos.


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