|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Justiça nega e Senado arquiva quebra de sigilo de EJ
ANDRÉA MICHAEL
VERA MAGALHÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça negou ontem o pedido
de quebra dos sigilos telefônico,
bancário e fiscal do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, de sua mulher,
Lídice Coelho Cunha Caldas Pereira, e da EJP Consultores Associados, uma das empresas do ex-ministro.
O pedido foi apresentado pelo
Ministério Público Federal à 12ª
Vara da Justiça Federal em São
Paulo no dia 26 de abril. Ele aponta 50 contradições entre depoimentos de EJ, de ex-juízes do
TRT-SP (Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo) e da análise de extratos telefônicos e informações bancárias apresentadas
pelo ex-ministro.
Os procuradores pretendiam
usar os dados hoje protegidos por
sigilo como matéria-prima para
investigar qual teria sido a suposta participação de EJ no desvio de
R$ 169 milhões na construção do
Fórum Trabalhista de São Paulo.
No foco das contradições apontadas em mais de 40 páginas estão
as ligações entre EJ e o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto,
preso sob a acusação de ter se beneficiado do desvio de recursos.
O ex-ministro justificou as ligações telefônicas que recebeu de
Nicolau -192, podendo chegar a
199, conforme o pedido de quebra
de sigilo- dizendo ser seu papel
institucional coordenar o processo de indicação de juízes classistas
para o TRT.
Em depoimento ao Ministério
Público, três ex-presidentes do
TRT desconhecem tal função de
Nicolau e o caracterizam como
responsável por negociar a liberação de verbas para a construção.
Uma das secretárias de EJ ouvidas pelo MP afirmou não se lembrar de ninguém que ligasse para
seu chefe com tanta insistência
como Nicolau.
Também entre as contradições
são apontadas seis ligações do
empreiteiro Fábio Monteiro de
Barros, responsável pela obra superfaturada, para EJ. O ex-ministro nega conhecê-lo.
O Ministério Público vai recorrer ao Tribunal Regional Federal
até a próxima semana.
Senado
O Senado arquivou dois pedidos de informações sobre a movimentação financeira de EJ, atendendo a parecer do senador Bello
Parga (PFL-MA).
Parga foi designado relator dos
requerimentos depois que a CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) não apresentou parecer no
prazo regimental.
Ninguém recorreu e o prazo para recurso se esgotou.
Um dos requerimentos pedia
informações à Receita Federal sobre a existência de indícios de sonegação fiscal, enriquecimento
ilícito ou patrimônio incompatível com os rendimentos de EJ e Lídice. O outro pedido arquivado
solicitava ao Banco Central informações sobre a existência de depósitos em nome de EJ, de sua
mulher e de seus sócios nos rastreamentos feitos sobre o destino
da verba desviada da obra do fórum. Parga também havia indeferido requerimento de Heloísa Helena (PT-AL) e José Eduardo Dutra (PT-SE), pedindo a quebra de
sigilo bancário de EJ, de sua mulher e sócios. Mas os senadores da
oposição recorreram.
Texto Anterior: Juristas irão recorrer contra decisão pró-FHC Próximo Texto: Investigação: Teixeira Ferraz é condenado nos EUA Índice
|