São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Governistas falam em caso encerrado; oposição é cautelosa

Corregedor do Senado vai analisar documentos entregues por Renan e depois apresentar parecer à Mesa Diretora da Casa

PSOL reúne bancada hoje para discutir se entra com uma representação contra Renan; ACM diz que caso ficou "amortecido" na Casa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Satisfeitos com o discurso de Renan Calheiros, integrantes de partidos aliados já falavam em "caso encerrado", enquanto a oposição, cautelosa, mas sem criticá-lo diretamente, apontava a necessidade de análise da documentação entregue pelo senador. As denúncias serão analisadas pelo corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP).
O impacto positivo do discurso, entretanto, corre o risco de ser minimizado, já que ele deixou de entregar os comprovantes de parte dos recursos repassados a Mônica Veloso. É em relação à origem desses recursos que pairam as principais suspeições sobre Renan.
"O Senado esperará a palavra do corregedor. Vou aguardar que ele se manifeste", disse o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), ontem à noite. À tarde, ele havia dito que não tinha o direito de duvidar das palavras de Renan.
Tuma afirmou que pretende reunir o que surgiu até agora e ouvir citados na denúncia para apresentar um parecer sobre o caso à Mesa Diretora. "Senti que ele tem documentos que comprovam que falou a verdade", disse, antes de analisar os papéis, acrescentando ver um lado positivo: "Ao menos ele [Renan] não a forçou a fazer um aborto", disse, em referência à filha de Renan com a jornalista.
Nos bastidores, a avaliação foi a de que a situação de Renan dependeria de serem encontradas "brechas" na versão e documentação apresentadas ontem, ou então novas denúncias.
Hoje, a presidente do PSOL, a ex-senadora Heloísa Helena, deve chegar a Brasília e reunir sua bancada, quando será discutida a possibilidade de o partido entrar com uma representação contra Renan. "[Ele] levou a coisa para a esfera privada e não é disso que se trata. No meu juízo, os esclarecimentos foram insuficientes. Ele tinha que ter concedido apartes e uma entrevista coletiva. Não vamos entrar em espírito de confraria", afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
Presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) avaliou que Renan fez um bom discurso, mas defendeu que é prudente a análise dos papéis pelo Conselho de Ética. O órgão se reúne amanhã para a posse de seus membros, mas só abre processo caso algum partido ou a Mesa protocole um pedido.
À tarde, logo após o pronunciamento, ninguém criticou diretamente Renan, que encerrou o discurso sob aplausos. Senadores fizeram fila para cumprimentá-lo. Àquela altura, nenhum dos parlamentares tinha tido acesso à documentação.
"Na minha visão, o assunto está encerrado. Os fatos foram explicados à exaustão", disse Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, minutos após o pronunciamento de Renan.
"O discurso foi bom e os documentos precisam ser analisados", afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), que depois acrescentou: "Encerrado [o caso] não vou dizer que está. Mas o assunto ficou amortecido".
Os peemedebistas saíram satisfeitos com as palavras do senador. Segundo o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), "se depender da bancada, o assunto está encerrado". (LETÍCIA SANDER, RANIER BRAGON E FERNANDA KRAKOVICS)

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