São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Dilma nega ter falado sobre obra com Renan

Ministra também diz que não tratou com senador sobre liberação de verbas

Segundo a chefe da Casa Civil, como Alagoas está inadimplente, nenhum recurso é liberado para a obra desde agosto de 2006

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse ontem que não tratou com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nem de liberação de recursos federais nem de inclusão da obra da barragem do Pratagy, em Alagoas, no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"O Renan não apareceu aqui para pedir isso. A bem da verdade, ele não falou nada disso comigo. Ninguém me pediu nada", afirmou Dilma.
Gerente do PAC, Dilma informou que desde agosto de 2006 nenhuma verba é liberada para a obra, porque Alagoas está inadimplente. "O governador [Teotônio Vilela] sabe que, enquanto não estiver em dia, não há como pagar nada. Acho isso estranho."
A ministra acrescentou que não é ela a responsável pela liberação de recursos. "Se estivessem pressionando, estariam pressionando a pessoa errada. Quem libera é o Tesouro Nacional. Eles teriam que ter pressionado o ministro Guido Mantega [Fazenda]."
Sobre os pagamentos para a barragem do Pratagy, Dilma diz que foram pagos R$ 30 milhões no ano passado em duas parcelas -R$ 15 milhões em fevereiro e a outra metade em julho.
Do valor previsto para a obra em 2005, ficaram R$ 40 milhões de restos a pagar referentes ao Orçamento de 2006, mas o Estado não pode receber por estar inadimplente.
A ministra reclamou do que considera uma "ilação" tirada de um grampo telefônico feito pela Polícia Federal nas investigações da Operação Navalha. "Tem de tomar cuidado, porque o grampo, apesar de ser um instrumento importante da investigação, não pode ser considerado prova, é preciso checar antes", afirmou.
Dilma afirma também que não houve mudança no valor da obra."O texto [reportagem publicada ontem na Folha] passa a impressão de que eles pressionaram e o valor das obras do Pratagy subiu de R$ 70 milhões para R$ 120 milhões em março deste ano. Só que desde o lançamento do PAC, em janeiro, o valor já era de R$ 120 milhões."
Os R$ 70 milhões, segundo Dilma, são de uma medida provisória do final de 2005, quando esse valor foi destinado para o Ministério da Integração Nacional repassar ao sistema de abastecimento de água do rio Pratagy. Desse total é que foram pagos R$ 30 milhões e ainda restam a quitar R$ 40 milhões, mas não se referem aos R$ 120 milhões previstos no programa.

Novo grampo
Ontem à tarde, Dilma foi procurada pela Folha novamente para comentar o grampo feito pela PF em 23 de março, no qual aparece o senador Renan Calheiros dizendo ter conversado com a ministra sobre liberação de verba -sem especificar qual- para Maceió. A ministra disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não se recorda de ter conversado com o senador por volta de 23 de março deste ano.


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