São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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Procurador pede ao Supremo investigação contra Paulinho

Por causa do foro privilegiado, apuração dependia de parecer da Procuradoria Geral

Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, afirma que não haverá pressão para que o deputado deixe o partido


Sérgio Lima/Folha Imagem
Sérgio Moraes (PTB-RS), que agora preside o Conselho de Ética

SIMONE IGLESIAS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pediu ontem abertura de investigação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical.
O deputado tem foro privilegiado por exercer o mandato e, para ser judicialmente investigado, era necessário parecer da Procuradoria Geral da República. Também em razão do foro privilegiado, o processo de Paulinho deve tramitar no Supremo. "Encaminhei hoje [ontem] o pedido para aprofundar as investigações a respeito do suposto envolvimento do deputado no caso do BNDES", afirmou Antonio Fernando.
As denúncias contra Paulinho surgiram na Operação Santa Tereza da Polícia Federal que desarticulou em abril um grupo acusado de envolvimento com tráfico local e internacional de mulheres, exploração de atividade de prostituição e em fraudes em concessão de empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Paulinho é apontado pela PF como um dos chefes do esquema. Ele nega as acusações. De acordo com o inquérito, ele e a ONG presidida por sua mulher, Elza Pereira, teriam sido beneficiados financeiramente. Para a PF, Paulinho recebeu cheque de R$ 18.397,50 e outra ordem de pagamento de R$ 82.162,93 referente a empréstimo às Lojas Marisa. A ONG Meu Guri, comandada por Elza, teria recebido um cheque de R$ 37 mil de João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho na Força Sindical, e que foi indiciado pela Justiça paulista.
Além de Moura, também foram indiciados o empresário Marcos Mantovani, o advogado Ricardo Tosto, e o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB). Segunda-feira, o corregedor-geral da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE) deu parecer pela cassação de Paulinho por quebra de decoro.
No mesmo dia, o deputado pedetista afirmou que as denúncias são "armação política implacável", disse que provará sua inocência no Conselho de Ética e descartou a possibilidade de renunciar ao mandato.
A Folha apurou que em conversas com a cúpula do partido Paulinho teria reconhecido que as denúncias desgastam a sigla e estaria disposto a se licenciar do PDT até a conclusão do processo. A decisão deve ser tomada nos próximos dias.
O ministro Carlos Lupi (Trabalho), presidente licenciado do PDT, disse que o mandato de Paulinho é do partido, mas que ele não será pressionado a deixar a sigla. "O mandato dele pertence ao PDT, mas ele tem que avaliar esse quadro de possíveis prejuízos ao partido." Lupi defendeu que Paulinho esclareça "ponto a ponto" as denúncias contra porque "quem não deve não teme".


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