São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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ANÁLISE

Novo tributo desnecessário

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se a arrecadação tributária mantiver ao longo de 2008 a mesma taxa de crescimento do primeiro quadrimestre, o governo não terá nenhuma dificuldade em assumir os mais de R$ 20 bilhões anuais em despesas extras propostas pelo projeto que regulamenta o financiamento da saúde pública.
De janeiro a abril, a receita da União teve crescimento de 18% em relação ao mesmo período de 2007. Nesse ritmo, os cofres do Tesouro receberão R$ 730 bilhões até dezembro, quase R$ 50 bilhões a mais do que se previa na elaboração do projeto de Orçamento -quando ainda se contava com a CPMF.
Mesmo que parte desse dinheiro tenha de ser obrigatoriamente compartilhada com Estados e municípios, a folga seria suficiente para absorver o gasto extra sem necessidade de criar novos tributos.
A extinção da contribuição sobre movimentação financeira deveria significar a primeira redução de carga tributária desde o Plano Real -a carga brasileira, na casa dos 35% da renda nacional, é a maior entre os países emergentes.
No entanto, o desempenho da arrecadação tem superado até as projeções tradicionalmente otimistas feitas pelos parlamentares da Comissão de Orçamento do Congresso e tende a bater novo recorde.
Os aumentos de alíquotas do IOF e da CSLL promovidos em janeiro explicam apenas uma parcela minoritária do fenômeno. Tributos mais importantes e que não foram elevados, como o Imposto de Renda e a Cofins, elevaram suas receitas em mais de 20% -graças, à falta de explicação melhor, ao impacto do bom momento da economia sobre salários, lucros e vendas.
O governo argumenta que não pode considerar duradoura toda essa exuberância. Mais à frente, a atividade econômica pode se acomodar ou até se retrair, e não seria prudente assumir despesas permanentes com base em receitas que podem ser transitórias. O mesmo governo, porém, decidiu neste mês elevar em mais de R$ 15 bilhões os gastos com a folha de salários do funcionalismo público, contando, justamente, com os ganhos de arrecadação. Também anunciou a criação de um fundo destinado a comprar dólares com as "sobras" em seu caixa. (GUSTAVO PATU)


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