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ANÁLISE
Novo tributo desnecessário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se a arrecadação tributária
mantiver ao longo de 2008 a
mesma taxa de crescimento do
primeiro quadrimestre, o governo não terá nenhuma dificuldade em assumir os mais de
R$ 20 bilhões anuais em despesas extras propostas pelo projeto que regulamenta o financiamento da saúde pública.
De janeiro a abril, a receita da
União teve crescimento de 18%
em relação ao mesmo período
de 2007. Nesse ritmo, os cofres
do Tesouro receberão R$ 730
bilhões até dezembro, quase R$
50 bilhões a mais do que se previa na elaboração do projeto de
Orçamento -quando ainda se
contava com a CPMF.
Mesmo que parte desse dinheiro tenha de ser obrigatoriamente compartilhada com
Estados e municípios, a folga
seria suficiente para absorver o
gasto extra sem necessidade de
criar novos tributos.
A extinção da contribuição
sobre movimentação financeira deveria significar a primeira
redução de carga tributária
desde o Plano Real -a carga
brasileira, na casa dos 35% da
renda nacional, é a maior entre
os países emergentes.
No entanto, o desempenho
da arrecadação tem superado
até as projeções tradicionalmente otimistas feitas pelos
parlamentares da Comissão de
Orçamento do Congresso e
tende a bater novo recorde.
Os aumentos de alíquotas do
IOF e da CSLL promovidos em
janeiro explicam apenas uma
parcela minoritária do fenômeno. Tributos mais importantes
e que não foram elevados, como
o Imposto de Renda e a Cofins,
elevaram suas receitas em mais
de 20% -graças, à falta de explicação melhor, ao impacto do
bom momento da economia sobre salários, lucros e vendas.
O governo argumenta que
não pode considerar duradoura
toda essa exuberância. Mais à
frente, a atividade econômica
pode se acomodar ou até se retrair, e não seria prudente assumir despesas permanentes
com base em receitas que podem ser transitórias. O mesmo
governo, porém, decidiu neste
mês elevar em mais de R$ 15 bilhões os gastos com a folha de
salários do funcionalismo público, contando, justamente,
com os ganhos de arrecadação.
Também anunciou a criação de
um fundo destinado a comprar
dólares com as "sobras" em seu
caixa. (GUSTAVO PATU)
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