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Genoino busca espaço em disputa bipolar
Candidato petista ao governo paulista quer debater em pé de igualdade com Maluf e Alckmin, líderes nas pesquisas
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
José Genoino, 56, inicia hoje,
com a formalização de sua candidatura em convenção, uma batalha pessoal para abrir um flanco
petista na polarizada disputa entre Paulo Maluf (PPB) e Geraldo
Alckmin (PSDB) pelo governo do
Estado de São Paulo.
Luiz Marinho, presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, deve ser indicado vice. Filiado ao PT, precisa ser aprovado
oficialmente pelo diretório estadual do partido, mas não deve haver problemas quanto a isso.
Aparecer, receber atenção e ser
conhecido e reconhecido são as
preocupações centrais de Genoino neste momento.
Campeão de votos para deputado federal (307 mil votos em
1998), ele patina nas pesquisas para sua primeira eleição majoritária, com 7% no Datafolha, longe
de Maluf (33%) e Alckmin (29%).
"Conto com a maior atenção da
mídia para a eleição para o governo. A campanha na prática ainda
não começou", diz Genoino.
A tática é procurar se colocar no
centro do debate, em pé de igualdade com os adversários. Uma
primeira tentativa surtiu efeito
em janeiro, quando Genoino deu
uma dura entrevista à Folha prometendo que sua política de direitos humanos não impedirá a Rota
(tropa da PM) de agir com "energia e força" e de ir às ruas "a partir
de informação dirigida, alvo preciso e comando competente."
Conseguiu espaço na discussão
programática, apesar da saraivada de críticas que recebeu no PT,
o que o fez ensaiar um recuo.
Com quatro minutos diários de
tempo na TV, Genoino terá pouca
chance para se mostrar. A verticalização imposta pela Justiça, grande revés de sua campanha até
aqui, roubou dele apoios certos,
transformando esta numa das
mais isoladas candidaturas do PT
paulista desde sua fundação, há
22 anos. Sobraram só o PC do B e,
espera o candidato, nacos de partidos como PMDB, PDT e PSB.
O deputado promete campanha
centrada em corpo-a-corpo, carreatas e passeatas, para compensar. Comícios, que atraem eleitores com voto consolidado, serão
poucos. "As pessoas me conhecem, mas não sabem que Genoino é PT, que PT é Genoino", diz.
Armas na manga
Para abrir espaço, o deputado
aposta em algumas armas. A primeira é o peso -político e financeiro- que o PT jogará na sua
campanha. Dentro do partido, a
candidatura de Genoino só não
importa mais que a de Lula.
Avalia-se no PT que uma derrota fragorosa em São Paulo mancharia mesmo a eventual vitória
de Lula, já que Genoino é das figuras mais representativas do partido e teve a candidatura bancada
diretamente pelo presidenciável.
A condescendência que o partido
tem tido até agora com a pobre
performance do deputado pode
virar desespero rapidamente.
O presidenciável passará grande parte de seu tempo fazendo
campanha no Estado, para ajudar
Genoino. Mas a estratégia pode se
revelar inócua, dada a histórica
dificuldade de Lula em São Paulo.
A outra arma de Genoino é Duda Mendonça, que fará sua campanha conciliando-a com a de Lula. As candidaturas paulista e nacional serão de tal forma integradas que um conselho político
pensará políticas comuns e discursos complementares.
Isso pôde ser visto nos comerciais de TV de Genoino, em que o
tema da "vulnerabilidade econômica", apontada por Lula, foi
adaptado para o cenário paulista.
Avenida
O cenário otimista para Genoino é crescer ponto a ponto, à medida que ficar mais conhecido,
principalmente das classes baixas.
Entre os setores de maior renda e
escolaridade, o petista se sai melhor, o que poderia gerar um
"efeito dominó" em outras camadas. Consegue 20% no eleitorado
com curso superior e 21% na camada com renda familiar mensal
maior que dez salários mínimos.
Genoino espera chegar perto
dos 20% em outubro, em condição de disputar no "olho mecânico" uma vaga no segundo turno.
Como ocorreu com Marta Suplicy
em 98, quando deixou de ir ao segundo turno por menos de 0,5%.
O petista sonha abrir uma "avenida" entre o que chama de "falta
de firmeza" de Alckmin e "falta de
seriedade" de Maluf. Não por acaso, seu slogan é "Firme e Sério".
Embora o PT prometa criticar
os adversários com a mesma força, é nítido, nos discursos petistas,
que o partido centra baterias é em
Alckmin. Até porque parte do
eleitorado faz a ligação Maluf-PT,
com 35% dos eleitores do ex-prefeito apoiando Lula. Maluf, com
seu eleitorado "duro", deve ir ao
segundo turno, avalia o partido.
Apesar da realidade pouco animadora, Genoino procura ver
suas chances sob um prisma mais
róseo. Atenta para as pesquisas
espontâneas, que medem o voto
mais consolidado, pela qual 70%
dos eleitores se dizem indecisos.
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