São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

Kerry e os latinos

NELSON DE SÁ

O democrata John Kerry, candidato a presidente dos Estados Unidos, disse afinal o que quer para a América Latina. Falou no fim de semana a uma associação de políticos hispânicos, em Washington.
Propôs vagamente, como está em seu site e em diários americanos como "Washington Post" e "El Nuevo Herald", no argentino "La Nacion" e em jornais brasileiros, uma comunidade pan-americana:
- A Comunidade das Américas é para trabalhar juntos, para atingir objetivos comuns.
Citou só três "objetivos comuns": guerra contra o terror, guerra contra a pobreza e guerra contra as drogas.
Falou em apoio à democracia no hemisfério, inclusive a governantes malvistos em Washington, hoje. Questionou abertamente o apoio do republicano George W. Bush à "junta militar" que quase tirou Hugo Chávez do poder.
Disse que vai criar um Conselho pela Democracia, saudou o avanço democrático "em países como México, Brasil e Chile" -e lamentou:
- Estamos perdendo os corações e mentes de uma geração de líderes na América Latina.
Citou sua mulher, que descreveu como uma "imigrante", falou algumas palavras em espanhol e encerrou:
- Serei um presidente que saberá onde fica a América Latina e que saberá que nós lhe devemos respeito.
 
O "Washington Post" registrou o outro lado, com um grupo de parlamentares republicanos apontando a falta de "conexão" de Kerry com os eleitores hispânicos, nos EUA.
E, por outro lado, acusando o candidato democrata de "difundir uma mensagem de pessimismo aos latinos".

UM E OUTRO IBOPE

Uma semana antes, a notícia era que o Ibope indicava "empate técnico" entre José Serra e Marta Suplicy, com 21% e 20%, respectivamente. Segundo o site da Globo, "o PT comemorou, enquanto o PSDB lamentou".
Dias depois, não é mais assim. O SPTV abriu ontem com o Ibope dizendo que Serra tem 30% -e Marta tem quase a metade, 16%, pouco acima de Luiza Erundina. Entre uma e outra pesquisa, além de uma semana de distância, a diferença é que a primeira foi paga pelo PT.
 
Enquanto o SPTV voltava à carga e cobrava a presença dos três principais candidatos em seu debate, na próxima quinta-feira, Marta participava do Canal Livre, da Band. Antes do Ibope, mas já com o Datafolha, prometeu se manter os quatro anos no cargo, se for reeleita.
Questionada sobre o terceiro lugar na intenção de voto e sua taxa de rejeição, apresentou suas justificativas:
- Sou uma pessoa, primeiro, que falo o que penso, defendo as coisas com paixão... E mulher é assim. Se está arrumada, "olha aí, fica no cabeleireiro". Se está desarrumada, "coitada, olha a depressão em que está".

Ruído
O desemprego caiu um pouco em São Paulo, para baixo dos 20 pontos. E Lula tratou de fazer barulho no Café com o Presidente, ecoando no Jornal Nacional, nas manchetes:
- A redução do desemprego em São Paulo é a maior em 18 anos no mês de maio.
A agência Dow Jones também destacou o salto histórico. Mas os números não vieram sem ruído. Da home do UOL:
- Desemprego e salário caem em São Paulo.

Sem avião
Também em seu programa de rádio, com eco pelos telejornais, Lula anunciou que não deverá viajar para o exterior tão cedo -e lá se foi, entre outras, a visita ao Chile, como já avisava o jornal chileno "La Tercera", no final de semana.
Não se deve ouvir falar em avião presidencial, ao que tudo indica, até as eleições.

Mais China
A Embraer foi tema de reportagem do "Financial Times" de ontem, com repercussão até na TV brasileira. A novidade, nem tão nova assim, foi a entrega dos dois aviões produzidos pela empresa brasileira, em sua "joint venture" na China.
Segundo o jornal, o "pioneirismo" dos aviões da Embraer na Ásia "mostra que as empresas brasileiras não estão mais exportando somente commodities, mas também e cada vez mais tecnologia".

Juntos
Não é só na produção de aviões que China e Brasil estão juntos. A agência France Presse deu um relatório do grupo ambientalista WWF que aponta os dois rios com maior ameaça à vida, no planeta.
Em primeiro lugar, o Yangtze, na China. Em segundo, o Prata/ Paraná, que corre por Brasil, Argentina e outros.

A marca EUA
O "Financial Times" se somou a outros jornais e destacou, no final de semana, a crescente preocupação, entre "líderes" do marketing e da publicidade nos Estados Unidos, com a corrosão da imagem do país.
Mais especificamente, com a transferência da rejeição mundial à política externa do governo Bush para as multinacionais americanas e seus produtos. Keith Reinhard, presidente mundial da agência DDB:
- Se nós olhássemos para os EUA como uma marca, diríamos que chegou o momento de relançar a marca.

O céu é o limite
O filme de Michael Moore contra George W. Bush, "Fahrenheit 9/11", "fez história" com a maior bilheteria americana para um documentário, segundo o "NYT". Do polêmico produtor Harvey Weinstein:
- Foi muito além da expectativa de qualquer um. Tenho que dizer que o céu é o limite para este filme. Quem sabe em que território estamos entrando?


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