São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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CASO SANTO ANDRÉ

Gomes da Silva está entre os acusados de cobrar propina

TJ julga hoje se prende empresários

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tribunal de Justiça de São Paulo deverá julgar hoje o pedido de prisão preventiva dos seis empresários de Santo André acusados de participar de uma suposta rede de cobrança de propina na prefeitura petista da cidade. A denúncia foi feita em 2002.
Na última terça-feira, quando o julgamento começou, dois dos três desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça votaram pela prisão (Segurado Braz e Oliveira Ribeiro) e um pediu vista do caso (Walter Guilherme). Hoje haverá uma nova votação e mesmo quem já se manifestou poderá rever o voto.
Entre os réus está Sérgio Gomes da Silva, preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de mandar assassinar o prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT). Os casos são distintos (um trata da morte e outro da cobrança de propina) e, se a prisão for decretada, ele acumulará os dois mandados. Gomes da Silva afirma não ter participado da morte do prefeito, que era seu amigo.
Também são acusados no caso da propina o ex-secretário municipal e vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT) e o empresário Ronan Maria Pinto, proprietário de um dos maiores grupos de transporte urbano do Estado de São Paulo. Os outros acusados são pessoas ligadas a Ronan (Irineu Nicolino Martin Bianco, Humberto Tarcísio de Castro e Luiz Marcondes de Freitas Júnior).
Segundo a Promotoria Criminal de Santo André, autora da denúncia, os acusados tinham trânsito livre na Prefeitura de Santo André e usaram essa facilidade para montar um esquema de cobrança de propina das empresas que queriam contratar com o poder público. Parte do dinheiro, segundo testemunhas, financiou campanhas eleitorais do PT, acusação que o partido nega.
Quando a denúncia foi apresentada, há dois anos, a Promotoria pediu a prisão dos acusados, o que foi rejeitado pela Justiça em primeira instância. O Ministério Público recorreu e o recurso deverá ser julgado amanhã.
Na ação criminal sobre a morte de Daniel, assassinado em janeiro de 2002, a Promotoria afirmou que o prefeito petista foi morto ao tentar conter o esquema de cobrança de propina na cidade.
Rosângela Gabrilli disse que a empresa dela pagou cerca de R$ 2 milhões em propina para o grupo. A Promotoria localizou extratos bancários do pai da empresária em favor de Gomes da Silva. Apesar do pedido de prisão, a denúncia da Promotoria ainda não foi aceita pela Justiça.

Outro lado
Em entrevistas anteriores, os acusados disseram não terem participado de qualquer esquema de propina na Prefeitura de Santo André. Os advogados de defesa disseram que uma eventual prisão de seus clientes é "absurda", já que, há pelo menos dois anos, os empresários aguardam o desfecho das investigação. Todos, afirmaram os defensores, são sérios, têm trabalho, têm residência fixa e não têm motivos para fugir.
A Folha procurou ontem o vereador petista e os empresários Ronan e Castro. Os respectivos assessores e secretários informaram que eles irão se manifestar apenas após o julgamento dos desembargadores.


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