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CASO SANTO ANDRÉ
Gomes da Silva está entre os acusados de cobrar propina
TJ julga hoje se prende empresários
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Tribunal de Justiça de São
Paulo deverá julgar hoje o pedido
de prisão preventiva dos seis empresários de Santo André acusados de participar de uma suposta
rede de cobrança de propina na
prefeitura petista da cidade. A denúncia foi feita em 2002.
Na última terça-feira, quando o
julgamento começou, dois dos
três desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça votaram pela prisão (Segurado Braz e Oliveira Ribeiro) e um
pediu vista do caso (Walter Guilherme). Hoje haverá uma nova
votação e mesmo quem já se manifestou poderá rever o voto.
Entre os réus está Sérgio Gomes
da Silva, preso desde dezembro
do ano passado sob a acusação de
mandar assassinar o prefeito de
Santo André, Celso Daniel (PT).
Os casos são distintos (um trata
da morte e outro da cobrança de
propina) e, se a prisão for decretada, ele acumulará os dois mandados. Gomes da Silva afirma não
ter participado da morte do prefeito, que era seu amigo.
Também são acusados no caso
da propina o ex-secretário municipal e vereador Klinger Luiz de
Oliveira Souza (PT) e o empresário Ronan Maria Pinto, proprietário de um dos maiores grupos de
transporte urbano do Estado de
São Paulo. Os outros acusados são
pessoas ligadas a Ronan (Irineu
Nicolino Martin Bianco, Humberto Tarcísio de Castro e Luiz
Marcondes de Freitas Júnior).
Segundo a Promotoria Criminal
de Santo André, autora da denúncia, os acusados tinham trânsito
livre na Prefeitura de Santo André
e usaram essa facilidade para
montar um esquema de cobrança
de propina das empresas que queriam contratar com o poder público. Parte do dinheiro, segundo
testemunhas, financiou campanhas eleitorais do PT, acusação
que o partido nega.
Quando a denúncia foi apresentada, há dois anos, a Promotoria
pediu a prisão dos acusados, o
que foi rejeitado pela Justiça em
primeira instância. O Ministério
Público recorreu e o recurso deverá ser julgado amanhã.
Na ação criminal sobre a morte
de Daniel, assassinado em janeiro
de 2002, a Promotoria afirmou
que o prefeito petista foi morto ao
tentar conter o esquema de cobrança de propina na cidade.
Rosângela Gabrilli disse que a
empresa dela pagou cerca de R$ 2
milhões em propina para o grupo.
A Promotoria localizou extratos
bancários do pai da empresária
em favor de Gomes da Silva. Apesar do pedido de prisão, a denúncia da Promotoria ainda não foi
aceita pela Justiça.
Outro lado
Em entrevistas anteriores, os
acusados disseram não terem
participado de qualquer esquema
de propina na Prefeitura de Santo
André. Os advogados de defesa
disseram que uma eventual prisão de seus clientes é "absurda", já
que, há pelo menos dois anos, os
empresários aguardam o desfecho das investigação. Todos, afirmaram os defensores, são sérios,
têm trabalho, têm residência fixa
e não têm motivos para fugir.
A Folha procurou ontem o vereador petista e os empresários
Ronan e Castro. Os respectivos
assessores e secretários informaram que eles irão se manifestar
apenas após o julgamento dos desembargadores.
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