|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIO GASPARI
O manual anticrise de FFHH
Em fevereiro do ano passado, quando o pesadelo se
chamava Waldomiro Diniz,
FFHH listou um receituário
para ajudar os presidentes de
países, pensões ou padarias, a
enfrentar crises. O príncipe tucano sabe do que fala. Durante
oito anos de governo, jamais
expandiu uma dificuldade. A
crise entrava na sua sala e saia
menor, acabrunhada.
A patuléia que paga os impostos de onde saem os mensalões y otras cositas más pode
comparar as sugestões de
FFHH com a insensatez aparelhada de Lula. São do ex-presidente as idéias gerais. Ele não
tem nada a ver com os comentários.
A crise tem dono - É do presidente. Às vezes só ele sabe o tamanho do buraco e por que ele
apareceu ali. Gerência de crise
não se delega. Se Lula tivesse
assumido a gerência da crise
Waldomiro Diniz, o men$alão
teria morrido.
Não brigue com a crise - Fuja
do conselheiro que quer o sangue dos adversários. Lula desligou o ventilador do Planalto
quando livrou-se do comissário
José Dirceu.
O perigo das idéias - Na adversidade, deve-se tomar distância
das pessoas que têm muitas
idéias. Tem gente que é capaz
de propor uma coisa de manhã
e o oposto à tarde. João Paulo
Cunha, por exemplo.
Os palpites são infelizes - As
pessoas sentem-se bem dando
palpites. Cabe ao presidente fazê-los sentir-se bem, mas só. Alguns companheiros deram o
palpite de que Lula devia discursar em Luziânia na semana
passada. Desastre.
Segredo dura 72 horas - Numa
hora dessas, o presidente deve
conversar sem maiores cautelas
com umas cinco pessoas. Há
gente que vaza em 48 horas e
há aqueles que merecem mais
confiança. Estes vazam em 72
horas. Palácio sem vazamento
é fantasia. No Planalto de Lula
vazam até os seus comentários
sobre os vazadores. Sua vítima
predileta é o senador Aloizio
Mercadante.
O dono do urso - O tipo mais
perigoso é aquele que se credencia como intérprete do pensamento do rei. Ele é capaz de
soltar leviandades que podem
até alterar o curso dos acontecimentos. Felizmente, os donos
do urso de Lula dividem-se entre os que acabam no cemitério
do olvido ou no hospício do ressentimento.
Toda crise tem um custo - Desde a primeira hora, o presidente sabe que a crise terá um custo. Trata-se de saber que ele deverá ser pago. Olhando-se para
trás, vê-se que toda tentativa de
regatear acaba aumentando o
tamanho do prejuízo. Se Lula
tivesse cortado a luz do comissário Delúbio, estaria dormindo melhor.
O rei tem a cara da crise - Diante da primeira visão do buraco,
o presidente precisa de uma
idéia fixa: para onde eu vou
quando tiver resolvido esse problema. Uma coisa é certa: o rosto do rei é o rosto da crise. Ele
precisa ser a imagem da tranqüilidade. Essa parte é a mais
dura.
A esses pontos de FFHH junte-se mais um: a percepção do
momento perdido. Atribui-se
ao marechal Castello Branco a
capacidade de ter (ou aceitar)
grandes idéias, sempre com
uma semana de atraso. Quando o gerente de uma crise acha
que não é a hora de fazer uma
determinada coisa, deve-se perguntar: "Será que daqui a dez
dias eu não vou precisar fazer
isso, e será tarde demais?".
Texto Anterior: Palocci reage para acalmar oposição Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Corregedoria: R$ 4 mi podem estar em cofre, diz petebista Índice
|