FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de mais de seis meses de negociação, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, filia-se hoje ao PSB (Partido Socialista Brasileiro). O anúncio formal será realizado em Recife, no hospital Esperança, onde está internado desde o dia 17 o presidente nacional do PSB, o deputado Miguel Arraes, de 88 anos.
"O anúncio da minha filiação lá em Recife será uma homenagem ao doutor Arraes", disse Ciro Gomes ontem à noite, ainda em Brasília. Ele deve visitar o presidente de seu novo partido hoje no hospital por volta das 15h.
Até ontem, Ciro estava formalmente filiado ao PPS, partido em que está desde sua primeira candidatura a presidente, em 1998. Disputou uma segunda vez em 2002. Perdeu ambas. Antes, era filiado ao PSDB. Também teve passagens pelo PMDB e PDS.
Mesmo tendo sido responsável pelo crescimento do PPS (antigo Partido Comunista Brasileiro) com suas votações para presidente (3º lugar em 1998 e 4º em 2002), a sigla o suspendeu por não seguir determinação da direção nacional. No final do ano passado, a burocracia do PPS havia aprovado uma decisão de se afastar do governo Lula. Essa ação desagradou a Ciro, cuja suspensão foi determinada pelo presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (PE).
A entrada de Ciro no PSB atende a dois objetivos. Primeiro, a necessidade pessoal do ministro de construir uma nova saída eleitoral para si próprio mais adiante. Segundo, reforçar uma das siglas fiéis ao Palácio do Planalto em meio a atual crise do chamado "mensalão" -o suposto pagamento de "mesadas" a deputados.
Ciro tem dito que não deve se candidatar a nada no ano que vem. Também é explícito a respeito de sua atuação na eleição de 2006: "Vou apoiar o governo Lula e a reeleição do presidente se ele pretender ser reeleito".
Indagado se considera a possibilidade de Lula não ser candidato, Ciro respondeu: "Com essa hipótese eu não trabalho, porque eu já disse certa vez, tendo ouvido dele isso aí [não se candidatar à reeleição], que seria um tumulto na República". O PSB é um dos partidos fiéis a Lula desde o início do governo. Logo na posse do petista, recebeu a pasta da Ciência e Tecnologia. Esse ministério foi ocupado por Roberto Amaral e, agora, pelo deputado Eduardo Campos (PE), neto de Arraes.
Sigla pequena, o PSB elegeu apenas 22 deputados federais em 2002 (a Câmara tem 513). Hoje, está menor ainda, com 17 cadeiras. A agremiação teve Anthony Garotinho como candidato a presidente na última disputa nacional. Como Garotinho saiu para entrar no PMDB, vários deputados acabaram também deixando o partido. Com a entrada de Ciro Gomes, o PSB aumenta sua relevância no xadrez nacional.


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