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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
A 90 dias da eleição, Lula dá Bolsa-Família a 1,8 milhão
Número de novos beneficiados em um único mês mostra aceleração do programa
Benefício, que atingia
3,6 milhões de famílias no país em 2003, chegou à meta de 11,1 milhões prevista para este ano
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um único mês -e a pouco mais de 90 dias da eleição
presidencial-, cerca de 1,8 milhão de famílias tornaram-se
beneficiárias do principal programa social do governo Lula e
receberão o benefício até o
quinto dia útil de julho. Ao menos 1 milhão dessas famílias
não recebia por nenhum outro
programa federal de transferência de renda até maio.
O número de famílias incluídas no Bolsa-Família em um
único mês -exatas 1.784.624-
contrasta com o ritmo de crescimento do programa desde
outubro de 2003, quando o benefício foi criado.
Até o final do primeiro ano de
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, havia 3,6
milhões de famílias beneficiadas. Nos dois anos seguintes,
2,9 milhões e 2,2 milhões de famílias foram incluídas, respectivamente: em 2004, o número
aumentou para 6,5 milhões e,
em 2005, passou a 8,7 milhões.
Ou seja, no mês de junho, o
programa cresceu o equivalente a 62% de todo o ano de 2004.
Somente em um mês, ingressaram no programa 81% do número de famílias incluídas do
início ao fim de 2005.
Não há impedimento legal
para que mais famílias sejam
incluídas no Bolsa-Família no
período da campanha eleitoral.
Dados do Ministério do Desenvolvimento Social ajudam a
explicar como o governo conseguiu ultrapassar neste mês a
meta fixada para o ano de 11,1
milhões de famílias atendidas
pelo Bolsa-Família, que paga
entre R$ 15 e R$ 95 por mês.
Os números resultam, em
parte, de uma mudança no critério para a inclusão no programa. Em abril, o governo aumentou de R$ 100 para R$ 120
o limite de renda mensal por
pessoa das famílias que teriam
acesso ao Bolsa-Família.
Além disso, o governo completou a atualização dos cadastros do programa nos municípios, o que também contribuiu
para o aumento do número de
beneficiários. Parte deles já recebia dinheiro de outros programas de transferência de
renda criados no governo Fernando Henrique Cardoso, como os 258 mil beneficiários do
Auxílio Gás recém-incluídos no
Bolsa-Família. O programa pagava R$ 15 a cada dois meses.
Apesar do cumprimento da
meta, a secretária nacional de
renda da cidadania, Rosani Cunha, reconhece que parte das
famílias com renda mensal de
até R$ 120 por pessoa não recebe o benefício. "O que a gente
imagina é que pessoas podem
deixar o programa para que outras possam ser incluídas."
Expansão
Segundo dados do Ministério
do Desenvolvimento Social, a
expansão do programa foi mais
acelerada em seis Estados: Bahia, São Paulo, Minas Gerais,
Pernambuco, Ceará e Maranhão, nessa ordem. Esses Estados mantiveram, assim, a liderança no número de benefícios
pagos pelo governo.
O Amapá, Estado que menos
ampliou o número de beneficiários do Bolsa-Família (foram 4.116 famílias), teve o
maior aumento na estimativa
do número de pobres conforme
a última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio,
do IBGE). Em três anos, dobrou o número de pobres no
Amapá. Das 38,6 mil famílias
pobres estimadas pela última
pesquisa, 20,9 mil receberão o
benefício até o início de julho.
A Pnad de 2004 também
ajustou a meta do Bolsa-Família. O número anterior de famílias pobres a ser beneficiadas,
fixado com base na Pnad de
2001, era de 11,2 milhões de famílias. Em abril, a meta foi corrigida para 11,1 milhões, em decorrência na redução de 23,6%
para 21,4% na estimativa de número de famílias pobres.
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