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Procurador pede "cuidado" nas investigações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, disse ontem que todas as
instituições que promovem investigações criminais devem
realizar esse trabalho "com todo o cuidado". Ele fez essa afirmação logo após o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva empossá-lo para um novo mandato no cargo, de dois anos.
Antonio Fernando reforçou
o discurso de Lula na posse. Em
defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente criticou a
execração pública de pessoas
que são alvo de investigações.
"Nós todos temos convicção
de que o trabalho de investigação sempre tem que ser conduzido com todo o cuidado. Estamos falando em investigação
criminal, que pode gerar com
sua divulgação danos à imagem
de alguém. Não falo em relação
apenas a parlamentares ou autoridades, mas em relação a
qualquer cidadão", declarou o
procurador-geral.
Os órgãos responsáveis por
realizar apurações sobre crime
são as polícias Federal e Civil, o
Ministério Público e o Poder
Judiciário. "A preocupação de
que as investigações sejam bem
feitas é muito mais nossa, do
Ministério Público", disse Antonio Fernando, que afirmou
não ter ficado constrangido
com a presença de Renan.
O procurador-geral aproveitou a posse para defender o poder de investigação criminal do
Ministério Público e criticar a
Polícia Federal, que defende a
exclusividade dessa tarefa. A
questão está para ser decidida
pelo STF (Supremo Tribunal
Federal) e opõe procuradores
da República a policiais.
"Estou cada vez mais convencido de que as atividades de
fiscalização e controle da administração pública devem ser
exercidas com o máximo de
abrangência", declarou. Para
ele, "sem conhecer e esclarecer
os fatos, não é possível fiscalizar nem controlar".
Na última segunda-feira, o
diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, disse que, se houver o
entendimento do STF de que o
Ministério Público tem atribuição para investigar crimes, os
procuradores deverão assumir
a responsabilidade pela apuração dos 120 mil inquéritos que
tramitam hoje.
Em resposta velada, o procurador-geral acusou a PF de agir
de forma corporativa. "É preciso que tenhamos a consciência
de que as posições exclusivistas
e marcadamente corporativistas militam contra a efetividade
do dever de fiscalização."
Em evento no Ministério da
Justiça, o ministro Tarso Genro disse que "há uma série de
questões constitucionais que
não tiveram atenção política e
jurídica para que o Supremo resolvesse. A questão do alcance
do Ministério Público sobre investigações é uma delas."
(SILVANA DE FREITAS E VINICIUS ABBATE)
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