São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

PT oficializa Marta e federaliza campanha

Na tentativa de colar sua imagem à de Lula, petista adota slogan "deixa ela trabalhar", semelhante ao usado pelo presidente em 2006

Ontem, ministro Carlos Lupi confirmou estratégia ao afirmar que uma "vitória de Marta em São Paulo seria uma vitória do presidente"

RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT dá largada hoje, em um centro de eventos na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, à tentativa de retomar a administração da cidade que já comandou por duas vezes. Marta Suplicy, 63, vai para a campanha com a estratégia de federalizar a disputa e tentar colar a sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para isso, conta inclusive com adaptação de slogan popularizado na campanha de 2006 do petista: "Deixa ela trabalhar".
Prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004 -perdeu a disputa à reeleição para José Serra (PSDB)-, Marta tem priorizado em seus discursos de pré-campanha tanto as menções a Lula como as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em São Paulo.
"Hoje o presidente Lula tem uma avaliação muito alta no Brasil e na cidade de São Paulo. E essa avaliação tem que ser aproveitada por aqueles que estão na base do governo", afirma o deputado federal Carlos Zarattini, coordenador-geral da campanha petista.
Marta lidera as intenções de voto (30%) em empate técnico com Geraldo Alckmin (29%), do PSDB, segundo pesquisa Datafolha de 15 de maio.
Ela terá que enfrentar, entretanto, uma alta rejeição -a segunda maior (31%)- e críticas da oposição à criação de taxas durante sua administração -ela já se disse arrependida nesse ponto- e ao "relaxa e goza" dito durante a crise aérea.
Em convenção ontem do PDT -a aliança de Marta inclui ainda o PSB, PC do B, PRB e PTN-, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) foi claro: "A vitória da Marta é uma vitória do presidente Lula".
O presidente da República foi peça fundamental para que o bloquinho (PDT, PSB e PC do B) se unisse a Marta. "Não creio [em federalização]. Vamos disputar a prefeitura, mas vamos disputar com apoio do presidente Lula", afirmou Marta na manhã de ontem.
O partido já tem pronta a estratégia de propaganda da fase inicial da campanha, elaborada pelo marqueteiro João Santana, o mesmo de Lula.
Ela já deve ser divulgada na convenção de hoje, para a qual foram convidados ministros e dirigentes nacionais das legendas, incluindo Lula.
Além do "deixa ela trabalhar" -cópia intencional do "deixa o homem trabalhar" da campanha de Lula-, as peças de propaganda têm frases como "Ela quer terminar o que começou".
Isso já vem aliado ao discurso difundido por Marta desde que deixou o Ministério do Turismo, no dia 3, de que a gestão de Serra e Gilberto Kassab (DEM) desvirtuou ou extinguiu programas de sua gestão.
Em seus discursos, Marta diz que pode fazer "muito mais" do que fez na sua última gestão, sob o argumento de que havia pego uma administração após "a passagem de um bando de gafanhotos" e que, hoje, a arrecadação da cidade é maior.
"Uma prefeita de atitude" é outro slogan das peças de propaganda e vai na linha da propaganda partidária do PT difundida no rádio e na televisão neste mês, que defendia "uma nova atitude" para São Paulo na educação, na saúde e no trânsito. A equipe de Marta pretende priorizar este último ponto, com a promessa de construção de novos corredores exclusivos de ônibus e auxílio ao Estado na ampliação das linhas de metrô.
"Agora a prefeitura tem dinheiro. Mas não por causa da atual administração, mas porque o presidente Lula fez a economia bombar", disse Marta ontem, durante visita às convenções do PDT e do PSB.
Segundo a ex-prefeita, a administração PSDB/DEM "desmantelou a cidade". "O Brasil está andando, e São Paulo está parada", afirmou a petista.


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