São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009

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Ex-assessor de Sarney Filho foi da Sarcris

Filial no Maranhão da empresa do neto de Sarney chegou a ter como gerente um ex-funcionário do gabinete do deputado


Funcionária entrega lista de clientes como o INSS, mas afirma que a empresa não trabalha mais com órgãos federais e estaduais do MA

HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS (MA)

A Sarcris Consultoria, que opera crédito consignado no Senado, tem um braço em São Luís, no Maranhão, berço político da família Sarney, que retomou em abril o governo do Estado. Na capital maranhense, a empresa chegou a ter como gerente um ex-funcionário do gabinete do deputado Sarney Filho (PV-MA).
Sócio da Sarcris, José Adriano Sarney é filho do deputado e neto do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Com matriz em Brasília, a empresa atua no Senado desde 2007, quando foi criada, na intermediação de empréstimos com desconto em folha para servidores, um negócio milionário que está sob investigação da Polícia Federal e é um dos pivôs da crise na Casa. A atuação da Sarcris no Senado foi revelada na semana passada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Em São Luís, a filial da empresa funciona discretamente em uma sala no centro da cidade, no terceiro andar do Edifício Colonial.
Assessor parlamentar de Sarney Filho até 2008, Fausto Rabelo Cosendey trabalhou como gerente administrativo da empresa na capital maranhense.
Após a notícia de que seu filho operava crédito consignado no Senado, Sarney Filho disse existir "uma campanha orquestrada para atingir o presidente José Sarney" e negou favorecimento ao seu filho. "Meu filho é uma pessoa séria, estudiosa, morou oito anos no exterior, nunca me fez um pedido de qualquer ordem."
Via assessoria, o deputado afirmou à Folha que, depois de deixar seu gabinete, Cosendey foi para o Maranhão. Do currículo de Cosendey consta que ele era assessor parlamentar de novembro de 2004 a março de 2008 no gabinete do deputado em Brasília e, no mês seguinte, passou a ser empregado da Sarcris até janeiro deste ano.
Na sexta-feira, Cosendey disse que, na verdade, só trabalhou três meses na empresa, a partir de novembro passado, porque estava desempregado. Logo depois voltou a Brasília. Ele diz que sua família mora no Maranhão e, por isso, procurou emprego em São Luís.
Uma funcionária da Sarcris na capital maranhense entregou à reportagem da Folha um folder com a lista de órgãos que seriam clientes da empresa, como INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), Forças Armadas, Tribunal de Justiça do Maranhão, Tribunal Regional Eleitoral, Justiça Federal, Procuradoria Geral de Justiça, Assembleia Legislativa, Infraero e Correios.
Durante a conversa, a atendente disse, porém, que a empresa não atende órgãos federais. Em um contato posterior, por telefone, ela afirmou que a Sarcris também deixou de trabalhar há seis meses com o governo do Estado, cuja titular, Roseana Sarney (PMDB), tomou posse em abril com a cassação de seu adversário Jackson Lago (PDT).
A assessoria de Sarney Filho informou que não era possível falar com José Adriano, que estaria em local de difícil comunicação.


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