São Paulo, domingo, 29 de julho de 2001

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PAINEL

Sinais de vida
A popularidade de FHC, que havia despencado em maio com o início da crise energética, começa a dar sinais de recuperação. Pesquisa da MCI mostra que a taxa de aprovação (ótimo e bom) continua em 20%. Mas a reprovação (ruim e péssimo) caiu de 30% para 22%.

Benefícios da crise
A avaliação da MCI, empresa de consultoria que já trabalhou para o Planalto, é que FHC abriu espaço para recuperar a popularidade. Há duas explicações: a população aprovou a ação do governo na crise energética e o caso Jader desviou o foco do noticiário para o Senado.

De olho no voto
Animado com o resultado da pesquisa da MCI, o PSDB encomendou para agosto um levantamento qualitativo do governo. O partido quer mapear os pontos fracos de FHC para corrigi-los até a campanha eleitoral.

Temperatura máxima
Após a última reunião da Mesa Diretora do Senado, um repórter perguntou se o líder do PMDB, Renan Calheiros, sentia a possibilidade de Jader renunciar. Cercado pelas luzes das equipes de TV, ele desconversou: "Não sinto nada. Só calor".

Autofagia
Setores do PMDB colocaram o deputado Luiz Bittencourt (GO) na alça de mira. Se ele insistir em defender a expulsão de Jader, o caso Caixego pode acabar no Conselho de Ética. Trata-se do desvio de dinheiro do banco goiano para a campanha eleitoral do senador Iris Rezende.

Cabo eleitoral
O senador Téo Vilela (AL), ex-presidente do PSDB, vai iniciar em agosto uma campanha pela candidatura de Aécio Neves à Presidência da República.

Vira-casaca
O ex-ministro Reinhold Stephanes (Previdência) abandonou o PFL de Jaime Lerner e caiu nos braços do PMDB do arqui-rival Roberto Requião.

Dinheiro pelo ralo
De um total de R$ 125,6 bilhões de dívidas da União em cobrança, a Procuradoria Geral da Fazenda arrecadou apenas R$ 6,25 bilhões (5%) no ano passado. Os dados estão no pedido de exoneração do ex-coordenador-geral da Dívida Ativa da União, Aldemário Castro.

Procura-se cobrador
Castro afirma que os "impressionantes valores do estoque [da dívida]" decorrem principalmente da falta de pessoal. De um quadro ideal de 1.200 funcionários, apenas 369 estavam trabalhando em dezembro de 99. No ano passado, o número subiu para 778. Mas ainda é pouco.

Queda-de-braço
O senador Pedro Piva (SP) está próximo de trocar o PSDB pelo PPS. A cúpula do partido de Ciro quer que Piva seja o candidato ao Senado em uma composição com o PT, que incluiria o apoio a José Genoino ao governo. Mas o PPS paulista prefere aliar-se a Geraldo Alckmin.

Segregação jurídica
Pesquisa do STJ mostra que a Justiça está distante dos Estados mais pobres. A região Norte, onde há 11,2 milhões de habitantes, promoveu apenas 1,21% dos processos julgados pelo tribunal desde 94. O Sul tem o dobro da população, mas gerou 25,3% dos processos no período.

Recuo estratégico
A Unip (Universidade Paulista) recuou do enfrentamento com o Ministério da Educação e cancelou o exame de vestibular para o curso de medicina em oito cidades paulistas, Brasília e Goiânia. O MEC havia apontado irregularidades nos cursos.

Esperar para ver
De Marilena Lazzarini, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, sobre a possibilidade de Pratini de Moraes (Agricultura) autorizar o plantio de soja transgênica: "Os transgênicos só serão liberados amanhã se, até lá, não houver mais Estado de Direito no país". Há liminar proibindo o plantio.

TIROTEIO

Do presidente nacional do PSDB, deputado federal José Aníbal (SP), sobre Anthony Garotinho (PSB) ter chamado FHC de ateu:
- Não sei nem se o Garotinho é evangélico ou se esse discurso é só conveniência. Para mim, ele é apenas um herege.

CONTRAPONTO

Maldade ao pé da letra

O senador Lúdio Coelho (PSDB), rival histórico do PT e do MST, é o político mais identificado com a elite rural de Mato Grosso do Sul e um dos líderes da bancada ruralista do Congresso. Sua família chegou a possuir 120 mil hectares de fazendas no Estado.
No início dos anos 80, quando Coelho era prefeito biônico de Campo Grande (MS), trabalhadores rurais sem terra fizeram um acampamento na praça do Rádio Clube, bem em frente à antiga sede da prefeitura, reivindicando reforma agrária.
No final da tarde, dois caminhões da prefeitura carregados de terra despejaram a carga na praça. Indignados, os trabalhadores e a oposição pediram explicações ao prefeito. Ele não recebeu ninguém, mas mandou um assessor informar:
- O prefeito ficou sabendo que vocês queriam terra e resolveu atender ao pedido!



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