São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2005

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Advogado cobra ação contra Delúbio

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Em resposta ao pedido de prisão de Marcos Valério apresentado ontem pela CPI dos Correios à Procuradoria Geral da República, o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, queixou-se de falta de ação contra quem pediu e ordenou os empréstimos bancários feitos pelo seu cliente.
Leonardo se referia ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e ao ex-presidente do partido José Genoino -segundo Valério, foi para eles que foram feitos vários empréstimos bancários, entre 2003 e 2005, por meio da SMPB e da DNA, para pagar dívidas de campanha do PT. O advogado disse que somam R$ 90 milhões as dívidas de Valério com os bancos.
"CPI tem função política, está no papel dela, mas tiveram a preocupação de criar esse fato para que todos os jornais hoje [ontem] tivessem como manchete esse pedido de prisão, quando o relevante para o país é apurar a conduta de quem pediu e ordenou e quem se beneficiou com os fatos."
Advogado criminalista, Leonardo afirmou à Folha que, para a Justiça, não há "grande preocupação" com a pessoa que funciona como intermediário dos fatos, mas, sim, com quem de fato "mandou e se beneficiou" dos empréstimos por indicação feita pela antiga cúpula petista.
Leonardo disse que o pedido da CPI está baseado em uma suposta queima de documentos da DNA, fato que Valério nega. Ele disse que a conversa gravada pela Polícia Federal com autorização da Justiça se dá entre o contador Marco Aurélio Prata e seu irmão, o ex-policial Marco Túlio Prata, nada tendo a ver com o seu cliente. "Tem de ter prova de vinculação pessoal. Isso não existe."
Leonardo disse que o pedido de prisão não se fundamenta porque Valério "compareceu em todos os lugares" que foi intimado. Citou a PF, Polícia Civil, Ministério Público e a própria CPI. Além disso, disse que tanto a Justiça quanto a CPI já tem em mãos todos os documentos relativos aos fatos.
"Não vejo nenhuma necessidade de prisão. Existe uma preocupação de manter o Marcos Valério no foco e desviar a atenção de outras coisas e pessoas", disse, acrescentando que confia no STF, que poderá analisar o pedido caso a procuradoria-geral concordasse com a CPI, o que não aconteceu por enquanto. Ontem, o procurador-geral, Antonio Fernando Souza, descartou, aos membros da CPI, a possibilidade da prisão imediata de Valério.


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