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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS
José Nilson dos Santos confirma retirada de R$ 20 mil e envolve Delúbio; deputado diz que dinheiro era para pré-campanhas de vereadores
Assessor de Luizinho admite saque no Rural
Jefferson Coppola - 18.jul.2005/Folha Imagem
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O deputado federal Professor Luizinho (PT-SP), cujo assessor admitiu ter sacado no Banco Rural |
CHICO DE GOIS
GILMAR PENTEADO
ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de negarem ter sacado
R$ 20 mil no Banco Rural e de
afirmarem que documentos em
poder da CPI dos Correios eram
falsos, o deputado federal Professor Luizinho (PT) e seu assessor
José Nilson dos Santos voltaram
atrás e admitiram a retirada do dinheiro da conta da SPMB Comunicação, da qual Marcos Valério
Fernandes de Souza é sócio.
Em nota encaminhada no começo da noite de ontem, Santos
-que assina o documento-
lembrou que esteve na agência do
Banco Rural na avenida Paulista,
em São Paulo, em dezembro de
2003, e envolveu o ex-tesoureiro
do PT Delúbio Soares na operação financeira. Anteontem, o assessor tinha afirmado à Folha que
nunca estivera no banco.
"No final de 2003, procurei o sr.
Delúbio Soares para tratar deste
assunto. Ele me orientou que retirasse o valor de R$ 20 mil em uma
agência bancária na avenida Paulista. Só fui me dar conta que era o
Banco Rural agora", diz trecho da
nota de José Nilson dos Santos.
Santos também declarou na nota que, em 2003, Professor Luizinho o mandou procurar Delúbio
para a "organização das pré-candidaturas internas de cerca de 90
apoiadores do mandato".
Pela manhã, durante entrevista
em seu gabinete para emissoras
de rádio e televisão, Professor Luizinho já admitia a possibilidade
do saque. Ele disse que o dinheiro
seria usado para preparação de
pré-campanhas de vereadores em
municípios paulistas.
O deputado não atendeu aos pedidos de entrevista feitos pela Folha ontem. Nos últimos dias, ele
vinha repetindo que o sacador
poderia ser um homônimo de seu
assessor. Anteontem, quando a
Folha antecipou a ele que o número de identidade citado no saque correspondia ao de seu assessor, Professor Luizinho afirmou
que esses documentos eram falsos e ameaçou processar o responsável pela suposta fraude.
"Se eu, até o momento havia dito que achava que era homônimo,
foi porque ele me garante e continua me garantindo que não tinha
comparecido ao Rural", afirmou
Professor Luizinho pela manhã,
antes da nota de seu assessor.
Documentos falsos
Ontem pela manhã, apesar de
admitir a possibilidade de o saque
ter sido realizado por seu assessor, Professor Luizinho continuava questionando a autenticidade
dos documentos. Ele chegou a
fornecer ao deputado Carlos Abicalil (PT-MT), sub-relator da CPI
dos Correios, cópia da assinatura
de seu funcionário na tentativa de
provar que não se tratava de seu
assessor. Abicalil, antes de saber
da nota de Santos, afirmou que a
assinatura era semelhante à contida em um fax do Banco Rural que
autorizada o saque.
O sub-relator, no entanto, questionou o fato de que, entre os documentos dos sacadores encaminhados à CPI dos Correios, não
consta cópia do RG do assessor
do Professor Luizinho. Além disso, outra dúvida de Abicalil é que
o fax do banco em Minas Gerais
que foi encaminhado para a agência em São Paulo já continha a assinatura de Santos.
A retirada reconhecida pelo assessor ocorreu no dia 23 de dezembro de 2003, seis meses antes
do início oficial da campanha eleitoral. Pelo artigo 19 da Lei Eleitoral, só pode ser considerada recurso de campanha doação recebida depois de formado o comitê
financeiro dos candidatos. Isso só
ocorre dez dias úteis depois das
convenções oficiais dos partidos.
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