São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS

José Nilson dos Santos confirma retirada de R$ 20 mil e envolve Delúbio; deputado diz que dinheiro era para pré-campanhas de vereadores

Assessor de Luizinho admite saque no Rural

Jefferson Coppola - 18.jul.2005/Folha Imagem
O deputado federal Professor Luizinho (PT-SP), cujo assessor admitiu ter sacado no Banco Rural


CHICO DE GOIS
GILMAR PENTEADO
ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de negarem ter sacado R$ 20 mil no Banco Rural e de afirmarem que documentos em poder da CPI dos Correios eram falsos, o deputado federal Professor Luizinho (PT) e seu assessor José Nilson dos Santos voltaram atrás e admitiram a retirada do dinheiro da conta da SPMB Comunicação, da qual Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio.
Em nota encaminhada no começo da noite de ontem, Santos -que assina o documento- lembrou que esteve na agência do Banco Rural na avenida Paulista, em São Paulo, em dezembro de 2003, e envolveu o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares na operação financeira. Anteontem, o assessor tinha afirmado à Folha que nunca estivera no banco.
"No final de 2003, procurei o sr. Delúbio Soares para tratar deste assunto. Ele me orientou que retirasse o valor de R$ 20 mil em uma agência bancária na avenida Paulista. Só fui me dar conta que era o Banco Rural agora", diz trecho da nota de José Nilson dos Santos.
Santos também declarou na nota que, em 2003, Professor Luizinho o mandou procurar Delúbio para a "organização das pré-candidaturas internas de cerca de 90 apoiadores do mandato".
Pela manhã, durante entrevista em seu gabinete para emissoras de rádio e televisão, Professor Luizinho já admitia a possibilidade do saque. Ele disse que o dinheiro seria usado para preparação de pré-campanhas de vereadores em municípios paulistas.
O deputado não atendeu aos pedidos de entrevista feitos pela Folha ontem. Nos últimos dias, ele vinha repetindo que o sacador poderia ser um homônimo de seu assessor. Anteontem, quando a Folha antecipou a ele que o número de identidade citado no saque correspondia ao de seu assessor, Professor Luizinho afirmou que esses documentos eram falsos e ameaçou processar o responsável pela suposta fraude.
"Se eu, até o momento havia dito que achava que era homônimo, foi porque ele me garante e continua me garantindo que não tinha comparecido ao Rural", afirmou Professor Luizinho pela manhã, antes da nota de seu assessor.

Documentos falsos
Ontem pela manhã, apesar de admitir a possibilidade de o saque ter sido realizado por seu assessor, Professor Luizinho continuava questionando a autenticidade dos documentos. Ele chegou a fornecer ao deputado Carlos Abicalil (PT-MT), sub-relator da CPI dos Correios, cópia da assinatura de seu funcionário na tentativa de provar que não se tratava de seu assessor. Abicalil, antes de saber da nota de Santos, afirmou que a assinatura era semelhante à contida em um fax do Banco Rural que autorizada o saque.
O sub-relator, no entanto, questionou o fato de que, entre os documentos dos sacadores encaminhados à CPI dos Correios, não consta cópia do RG do assessor do Professor Luizinho. Além disso, outra dúvida de Abicalil é que o fax do banco em Minas Gerais que foi encaminhado para a agência em São Paulo já continha a assinatura de Santos.
A retirada reconhecida pelo assessor ocorreu no dia 23 de dezembro de 2003, seis meses antes do início oficial da campanha eleitoral. Pelo artigo 19 da Lei Eleitoral, só pode ser considerada recurso de campanha doação recebida depois de formado o comitê financeiro dos candidatos. Isso só ocorre dez dias úteis depois das convenções oficiais dos partidos.


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