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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS
Assessores dos deputados Janene (PP) e Valdemar (PL) têm nomes
escritos em faxes com indicativo das quantias que podiam retirar
CPI vê indícios de que funcionária sacava para parlamentares
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Correios encontrou
ontem indícios de que era para
deputados e seus assessores a
maior parte do dinheiro sacado
pela diretora financeira da SMPB,
Simone Reis Vasconcelos, de uma
conta da agência no Banco Rural,
em Brasília.
As cópias de faxes e de e-mails
encontrados no material remetido na terça feira pelo STF (Supremo Tribunal Federal) à CPI contém anotações manuscritas nos
processos referentes aos R$ 5,595
milhões retirados em dinheiro
por Simone nos anos de 2003 e
2004 da conta da SPMB Comunicação no Banco Rural.
Esses faxes e e-mails eram enviados de Belo Horizonte para
Brasília. Eram alertas para que a
agência do Banco Rural na capital
federal se preparasse para os saques de quantias altas em dinheiro, reservando o numerário.
No verso de quatro desses faxes
há as seguintes anotações escritas
a mão:
1) saque de 17.dez.2003, de R$
350 mil: "Jacinto Lamas 100; Roberto Pinho 100; Célio 100";
2) saque de 7.jan.2004, de R$
450 mil: "Irmão de Jacinto Lamas
350; Alexandre 100";
3) saque de 13.jan.2004, de R$
300 mil: "José Luis 50; Jacinto Lamas 200";
4) saque de 20.jan.2004, de R$
400 mil: "João Cláudio 200; Jacinto Lamas 200".
Para o deputado ACM Neto
(PFL-BA), essas anotações manuscritas indicam parcialmente
para quem a diretora financeira
da SMPB entregava o dinheiro.
"Se a Simone vier com outra versão ao depor na CPI terá dificuldades para sustentá-la. Está claro
que parte desse dinheiro sacado
por ela ia para o esquema de deputados", afirma Neto.
O ex-tesoureiro do Banco José
Francisco de Almeida Rego havia
revelado em depoimento à PF que
Simone deixava na agência uma
lista de pessoas que poderiam retirar o dinheiro.
Dos nomes que aparecem manuscritos no verso nesses faxes, a
CPI dos Correios acredita ter
identificado três. Jacinto Lamas é
o ex-tesoureiro nacional do PL, ligado ao presidente nacional da sigla, deputado Valdemar Costa
Neto (SP).
Até o momento, a CPI havia
apurado saques num total de R$
1,65 milhão por Lamas da conta
da SMPB no Banco Rural de Brasília. A serem confirmados os repasses realizados a ele por Simone, a quantia subiria para R$ 2,3
milhões -considerando-se que o
dinheiro retirado pela pessoa
identificada como "irmão de Jacinto Lamas" tenha sido repassado para o então tesoureiro do PL.
A segunda pessoa que a CPI
acredita ter identificado é "João
Cláudio". Seria João Cláudio Carvalho Genu, ex-chefe de gabinete
do deputado José Janene (PP-PR). Janene é líder do partido na
Câmara.
Até agora, havia registros confirmados de R$ 850 mil em saques
realizados por Genu. Os novos
dados, se confirmados, farão o valor saltar para R$ 1,25 milhão.
O terceiro identificado pela CPI
é "Roberto Pinho". Seria Roberto
da Costa Pinho, ex-assessor do
ministro da Cultura, Gilberto Gil.
Pinho já tinha sacado R$ 350 mil.
Com o que teria recebido de Simone, o valor recebido por Pinho
subiria para R$ 450 mil. Pinho
também trabalhou em 2002 como
coordenador de marketing da
campanha ao Senado de Delcídio
Amaral (PT-MS), presidente da
CPI dos Correios.
"Alexandre", "José Luís" e "Célio" não foram identificados pela
CPI. Existe um José Luís entre os
sacadores, José Luís Alves, assessor do ex-ministro dos Transportes e hoje prefeito de Uberaba,
Anderson Adauto.
A Polícia Federal tem os originais desses faxes. Na semana que
vem, deve começar a apresentar a
perícia que está sendo realizada
nos documentos, todos apreendidos no Banco Rural, em Belo Horizonte. A idéia é fazer exames
grafotécnicos para identificar o
autor das anotações manuscritas.
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