São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Asas cortadas

O relatório final da CPI do Apagão em funcionamento na Câmara recomendará ao governo impor mais regulação às companhias aéreas. Uma das sugestões será obrigá-las a cumprir uma "cota" de linhas pouco rentáveis. "Hoje, elas só querem o filé mignon", diz o relator da comissão, Marco Maia (PT-RS), que promete seu texto para o final de agosto. O petista defenderá ainda uma espécie de "liberdade vigiada" para a política de preços praticada pelas empresas.
Outra medida a ser incluída no relatório é a criação de uma secretaria de Aviação Civil dentro do Ministério Defesa. A desmilitarização do controle do tráfego aéreo, idéia que o governo Lula cultivou até murchar com a crise, será arquivada também pela CPI.

Palmatória. O fato de Dilma Rousseff ter instalado Milton Zuanazzi na presidência da Anac não a impede de bater pesado no velho amigo. Quem mais apanha da ministra da Casa Civil, porém, é a diretora Denise Abreu.

Fidelidade. A TAM é de longe a companhia aérea preferida do governo para viagens oficiais de seus servidores. Só neste ano, os diversos ministérios desembolsaram R$ 5,58 milhões em passagens da empresa. A Gol vem num distante segundo lugar, com R$ 1,9 milhão. A Varig, que já liderou o ranking, recebeu parcos R$ 110 mil em 2007.

Cruzeiro. Imunes à balbúrdia nos aeroportos, os aviões presidenciais trabalharão a todo vapor nos próximos 12 meses. Documento do Palácio do Planalto prevê que nesse período o Aerolula realize cem missões, e o chamado Sucatinha, outras 220.

Exaustos 1. Devido à grande concentração de paulistanos endinheirados em suas fileiras, a campanha "Cansei", lançada pela OAB-SP em parceria com o empresário João Dória Jr., ganhou o apelido de "Movimento Oscar Freire".

Exaustos 2. Como a campanha tem anúncios produzido pela agência de Nizan Guanaes, publicitário que recentemente abocanhou parte da conta dos Correios, petistas sugerem um slogan alternativo: "Cansei de ganhar dinheiro no governo federal".

Novo front 1. O governo gastará R$ 4,5 mi em agosto numa campanha publicitária em TVs, rádios e cartazes para divulgar o ProJovem, programa de qualificação para jovens de 18 a 24 anos.

Novo front 2. O programa, de 2006, paga R$ 100 por mês para jovens de baixa renda completarem o ensino fundamental. O governo aposta no ProJovem como versão reduzida do Bolsa Família no segundo mandato de Lula.

Pupilo 1. Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) seguiu os passos do governador José Serra (PSDB) e incrementou sua verba de publicidade. O gasto médio com propaganda passou de R$ 2,1 mi/mês em 2006 para R$ 3 mi neste ano.

Pupilo 2. De junho para julho, Kassab aumentou o orçamento anual da publicidade de R$ 35,5 milhões para R$ 50,5 milhões. A prefeitura alega que o incremento foi possível por causa do aumento da arrecadação municipal.

Capitania. O sonho tucano de atrair Jarbas Vasconcelos tem chances escassas de se realizar. O senador explicou a amigos que não vê sentido em entregar o PMDB de Pernambuco de mão beijada para Armando Monteiro (PTB), deputado e presidente da CNI.

Pelo ralo. Duas emendas ao Orçamento apresentadas pelo deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) estão com problemas de execução, de acordo com a Caixa Econômica Federal, que acompanha as obras. Feitas por pequenas empreiteiras de Alagoas, destinam-se a asfaltamento e pavimentação nas cidades de Branquinha e Porto Calvo.

Tiroteio

Os organizadores desse movimento se cansaram é de tolerar a presença de um metalúrgico na Presidência da República.


Do deputado federal DEVANIR RIBEIRO (PT-SP), amigo de Lula, sobre o "Movimento Cívico pelos Direitos dos Brasileiros", cujo slogan é "Cansei", capitaneado pela OAB-SP e apoiado por empresários.

Contraponto

Fim de feira

A bordo de um vôo da TAM Miami-São Paulo, na noite de quinta, o ministro Geddel Vieira Lima pediu jornais brasileiros a um comissário. Este lhe respondeu que havia apenas publicações estrangeiras. Com a tragédia em Congonhas, explicou, o noticiário local se converteu em "propaganda negativa da companhia". Já contrariado, o titular da Integração Nacional viu a filha de oito anos, que voltava com ele de dez dias de férias, entusiasmar-se com a sobremesa anunciada no cardápio do jantar:
-Quero sorvete!-, bradou a menina.
O comissário informou que infelizmente havia acabado.
Geddel virou-se para a filha e encerrou o assunto:
-Não tem sorvete, querida. Aqui só tem tarifa!


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