São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Morde-e-assopra

Sem prejuízo da ação legal contra Gilberto Kassab (DEM), que atribuiu sua tentativa de usar a máquina municipal para influir no campo da pesquisa Datafolha à necessidade de se proteger de "maldades" do PT, o partido não vai tomar outras medidas que elevem a temperatura política do caso. Não deseja contribuir para que o prefeito vire pó, cristalizando prematuramente a polarização Marta-Alckmin.
Em privado, mesmo depois do incidente do e-mail enviado aos subprefeitos, os petistas dizem que, se puderem, não partirão para cima de Kassab. Basta que ele não cutuque Marta com vara curta, como fez no caso da lista dos candidatos de "ficha suja".



Bumerangue. Aliados de Kassab avaliam que foi um erro investir contra Marta no episódio da lista da Associação dos Magistrados Brasileiros. Argumentam que, independentemente das justificativas que apresentou, o prefeito terminou, na percepção geral, arrastado para o mesmo território dos "ficha suja".

Cobras e lagartos. No entorno de Kassab, sobram palavras duras para o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, outrora homem forte do governo. O mínimo que se ouve é que o tucano, "em espírito", já embarcou na campanha de Alckmin.

Boa briga. Kassabistas aprovam a intenção de Alckmin de polemizar com o prefeito sobre a restrição à circulação de caminhões. Acreditam que marcarão um tento se o tucano ficar ao lado do setor, contra usuários de carros e de transporte coletivo.

Hairspray. Em momento estiloso de seu "ex-blog", Cesar Maia (DEM) resenhou ontem o visual de Jandira Feghali (PC do B), candidata à sua sucessão no Rio. Diz que a deputada trocou o look "Atração Fatal" de 2004 pelo "Luís 14" em 2008.

Isca. Lula tem dito que não subirá em palanque no primeiro turno, mas aliados ávidos por imagens com o presidente dispõem de palavra mágica para atraí-lo: biocombustível. É essa pauta que levará o presidente hoje a Salvador e a Aracaju, em setembro.

Codinome. Na liderança das pesquisas em Belo Horizonte, Jô Moraes (PC do B) nasceu Maria do Socorro. A alcunha Jô, acrescentada ao nome da deputada, foi adotada durante a ditadura, quando ela militava na Ação Popular.

Figurante. Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) fazem amanhã o primeiro grande ato na tentativa de empurrar Márcio Lacerda (PSB) ladeira acima em BH. Será uma caminhada, a partir da Praça 7 de Setembro. O risco, reconhecem aliados, é que o governador e o prefeito monopolizem as atenções.

Petano. Se em BH o cruzamento de tucanos e petistas ainda não produziu resultados, em Aracaju ele deslanchou. O prefeito Edvaldo Nogueira (PC do B), aliado a PT e PSDB, lidera as pesquisas. "Aracaju quer dizer cajueiro onde voam as araras, mas os tucanos também podem voar aqui", brinca o governador petista Marcelo Déda.

Ao vivo. A CPI do Grampo confirmou em seu site a audiência com Protógenes Queiroz, delegado afastado da Operação Satiagraha, para a próxima quarta-feira. Já o depoimento do juiz Fausto De Sanctis, previsto para o dia seguinte, ainda está em aberto.

Sobreposição. A pressa do governo em votar um projeto limitando o grampo telefônico legal e estabelecendo punição para vazamentos vai atravessar o samba da CPI. A comissão já analisa proposta para limitar o período de duração das escutas e impedir que pessoas que não tiveram o monitoramento autorizado, mas conversaram com alguém grampeado, sejam envolvidas na investigação.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Foi um verdadeiro ato falho. Acho que o prefeito não mediu as conseqüências que isso pode ter do ponto de vista da legislação eleitoral."

De MARCO AURÉLIO MELLO , ministro do Supremo e ex-presidente do TSE, sobre o e-mail em que Gilberto Kassab orientou subprefeitos a usarem a máquina para identificar e promover "uma ação" em locais onde seria feita pesquisa Datafolha de intenção de voto para prefeito.

Contraponto

Piloto automático

Recém-saído do cargo de subprefeito da Vila Prudente e agora responsável pela agenda da campanha de Geraldo Alckmin, Felipe Sigolo foi a uma reunião, na semana passada, na sede do PSDB municipal, situada no mesmo prédio onde funciona o comitê de Gilberto Kassab.
Sigolo tomou o elevador no térreo do edifício, mas se esqueceu de apertar do andar desejado. Quando se deu conta, já estava na porta do comitê de seu ex-chefe.
Liderados pelo presidente da juventude do DEM, Walter Abraão, os kassabistas que estavam por perto fizeram um pequeno carnaval:
-Gente, um alckmista aderiu!


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