São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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CAMPO MINADO

Jorge Xavier tenta ser vereador em Buritis (MG); em 2002, invadiu fazenda dos filhos de FHC

Candidato do PT é dissidente do MST

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Dissidentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Buritis (MG) assumiram o diretório do PT no município. Protagonistas da invasão da fazenda dos filhos de Fernando Henrique Cardoso em 2002, ele foram afastados neste ano por "desvio de conduta".
Entre os candidatos a vereador está Jorge Augusto Xavier, o Jorjão, 37, um dos 16 sem-terra presos na desocupação da fazenda Córrego da Ponte, vendida no ano passado pela família de FHC. Por causa do racha no MST, ele não usará o nome do movimento. Sairá como "Jorge do PT".
Com outros dois líderes do MST que participaram daquela invasão, Xavier foi afastado do movimento em janeiro deste ano. A direção regional do MST alega que eles formam um "grupo isolado", que "não se submete ao método de trabalho coletivo e de organicidade" do movimento. Afirma ainda que o afastamento deles é definitivo. Embora desautorizados pelo MST, eles continuaram a liderar invasões.
A disputa começou dentro do próprio MST de Buritis. O grupo de Xavier não apoiou a nova direção estadual do movimento e rompeu com a ala liderada por Celito Carlos da Costa, 47, outro invasor da Córrego da Ponte.
Ainda em janeiro, Adriano Paiva Coutinho, 37, também afastado pelo MST, assumiu a presidência do PT de Buritis. O presidente anterior, Jonas Júlio do Nascimento, havia deixado o partido em dezembro de 2003, sob a justificativa de que "o MST é maioria dentro do PT" local.
Alegando uso indevido do nome do MST, Costa tentou -mas não conseguiu- impugnar a candidatura de Xavier, que tenta vaga na Câmara pela segunda vez. Em 2000, também pelo PT, mas como "Jorge do MST", ficou em 16º lugar entre 48 candidatos, com 266 votos, e não foi eleito.
Xavier se diz animado para a campanha deste ano. Afirma que, se eleito, não servirá apenas aos sem-terra.
Ele critica o que chamou de "atrelamento" do MST ao governo federal. "Há um acordo entre lideranças nacionais [do MST] e o pessoal do PT nacional para acomodar a luta. Para quem se levanta contra essa questão do comodismo, de não pressionar o governo, o recado [do MST] é igual ao que o PT deu para a Heloísa Helena e Babá [congressistas expulsos do PT no ano passado]: tem que enquadrar ou está fora", afirma.

Outro lado
O diretor estadual do MST Gaspar Martins negou que o movimento esteja proibido de fazer ações que venham a prejudicar a imagem do governo. "Muito pelo contrário, até porque estamos em luta permanente. Em momento algum fomos aliados com o governo", diz.


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