|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2008 / PERFIL DO ELEITORADO
Número de eleitores com 16 e 17 anos diminui 20%
2,9 milhões de adolescentes vão às urnas em outubro; há 4 anos, eram 3,6 milhões
Participação de jovens, que não são obrigados a votar, é proporcionalmente menor no Sudeste; queda ocorre apesar de campanha do TSE
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
O número de jovens com 16 e
17 anos que tiraram títulos de
eleitor caiu 20% entre as eleições de 2004 e a deste ano. Para
quem tem essa idade, o voto
não é obrigatório. No pleito de
outubro, irão às urnas 2,9 milhões de eleitores com 16 ou 17
anos. Em 2004, eram 3,6 milhões de adolescentes.
O número atual é inferior ao
das eleições de 1992, a terceira
após a entrada em vigor da permissão de voto a menores de
idade e a primeira da qual a
Justiça Eleitoral mantém os
dados relativos aos eleitores
adolescentes. Naquele ano,
quando a população do país era
menor, havia 3,2 milhões de
eleitores nessa faixa.
O desinteresse é maior nos
Estados do Sudeste -no Nordeste a participação proporcional dos adolescentes dobra. A
queda ocorre apesar de campanhas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e de organizações estudantis de estímulo ao
registro dos eleitores.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas diz que o
jovem não se vê representado
pelos candidatos. "O sistema
político não fala a linguagem da
juventude. É algo que parece
muito formal, muito quadrado", diz o presidente da entidade, Ismael Cardoso, 21. Ele, porém, afirma que a juventude
"quer participar" da política.
Neste ano, União dos Estudantes organizou uma campanha chamada "Se liga, 16" para
incentivar o registro de jovens
eleitores. Em Minas Gerais, a
entidade levou cartórios itinerantes a escolas para que estudantes fizessem o título. Partidos políticos também fizeram
campanhas pela participação
dos jovens pelo país.
O total de eleitores de 16 e 17
anos representa uma recuperação em relação às eleições de
2006, quando 2,5 milhões votaram, mas é uma queda em comparação com o último pleito
municipal, há quatro anos.
No Maranhão, os adolescentes somam neste ano 4,3% do
eleitorado, enquanto nos Estados do Sudeste são 1,5%. A cidade de São Paulo tem menos da
metade do número de jovens
eleitores de Pernambuco, que
tem menos habitantes.
A cientista política da UnB
(Universidade de Brasília) Lúcia Avelar, que pesquisa participação política, diz que o dado
é conseqüência de um descrédito dos adolescentes com a
questão ética. "[Para os jovens,]
a orientação é menos ideológica e mais substituída por valores éticos." Ela diz, porém, que
vem crescendo a participação
da população em associações e
grupos com objetivos políticos.
Para Avelar, a reduzida participação de um segmento onde o
voto é facultativo projeta que o
comparecimento dos eleitores
seria muito menor se eles não
fossem obrigados a votar.
Texto Anterior: Fortaleza: Candidata se diz censurada pela justiça eleitoral Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: O pré-sal é nosso? Índice
|