São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2000

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SÃO PAULO
Entre os que não têm chances de ir para o segundo turno, há aspirantes à Presidência da República, um ex-ator, um ex-jogador de futebol e radicais, tanto de direita como de esquerda
Conheça os microcandidatos na disputa


Abreu não declarou Mercedes à Justiça

DA REDAÇÃO

O candidato do PTN à Prefeitura de São Paulo, José Masci de Abreu, 55, que se apresenta como "um Zé", tem um Mercedes-Benz não declarado à Justiça Eleitoral.
O carro, azul, ano 83, é usado pelo motorista do candidato para transportar as duas filhas de José de Abreu. Uma, de 13 anos, estuda no colégio de classe média alta Pueri Domus. A outra, de 18, na Fundação Getúlio Vargas.
O slogan de Abreu -"Nem madame nem doutor. Tá na hora de um Zé lá na prefeitura"- contradiz o patrimônio dele.
Apesar de o Mercedes não ser declarado, o carro pouco conta em relação ao patrimônio do candidato. "Zé", como gosta de ser chamado, é o segundo candidato mais rico na disputa pela prefeitura. Declarou ao TRE possuir R$ 2,98 milhões, ficando em segundo entre os 16 candidatos à prefeitura, atrás apenas de Paulo Maluf (PPB), que diz ter R$ 75 milhões.
Abreu tenta minimizar o fato de o carro ser importado. "Esse carro é um carro 83, que serve minhas duas filhas. Fica na mão do motorista", afirma o candidato.
Informado de que o carro não consta da declaração entregue ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Abreu atribuiu a falha a um possível equívoco. "Deve estar na minha declaração. Tudo que é meu está na minha declaração de bens. Até meus quadros. Tudo. Eu declaro tudo. Só se... mas não acredito. Um carro tão velho..."
Em janeiro deste ano, quando as multas do carro somavam pouco menos de R$ 3.000, Abreu disse: "As multas viraram um forma de o Estado arrecadar mais. Eu me nego a pagar essas multas".
Além do Mercedes, Abreu tem mais três carros. Uma Grand Caravan importada, um Gol 96 e um Peugeot 106, modelo 99.
Hoje milionário, Abreu se baseia na origem de classe média, no bairro da Penha, e se diz confiante de que estará no segundo turno. "Nesta eleição vai falar o "fundão" de São Paulo. O povo vai entender o que estou falando. Não me afastei das minhas origens."
O candidato, que já foi duas vezes deputado federal, tenta angariar votos principalmente entre os eleitores com origem nordestina.
Abreu explica como surgiu o interesse pela comunidade nordestina, há cerca de 15 anos: "Eu e minha mulher íamos muito ao Nordeste, passar férias, na parte boa do Nordeste. Uma vez, voltando de uma viagem, tinha um jornal na porta da minha casa que dizia: "Uma cidade ingrata com seus migrantes". Eu me interessei e achei que aquilo era um grande processo de discriminação, de racismo, de preconceito."
Ele é dono da Rádio Atual, com a programação voltada para o público nordestino. Além dela, tinha, pelo menos até há um ano, três rádios clandestinas.
Entre suas propostas, uma chama a atenção. "Pretendo colocar uma taxa nas empresas que hoje se apoderam do ar de São Paulo. Essas empresas se apoderam do ar, rebaixam a temperatura, embalam, e a maior conta do hospital é o oxigênio. E quanto é que a comunidade recebe por isso?"
(PEDRO DIAS LEITE)


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