São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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ANÔNIMO

Motorista foi testemunha-chave em CPI

"Hoje quero ficar na moita", diz Eriberto

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"O sr. está fazendo isso só por patriotismo?", quis saber o deputado federal Roberto Jefferson, então capitão da "tropa de choque" de Fernando Collor na CPI do PC. "E o sr. acha pouco?", devolveu Eriberto França.
Dez anos depois, a discussão ainda ecoa na memória do motorista que definiu o curso das apurações que levariam à queda do então presidente. Para ele, as duas frases resumem sua participação na história.
Descoberto pela revista "IstoÉ", Eriberto contou à CPI que pegava dinheiro com Paulo César Farias para pagar despesas da Casa da Dinda, residência de Collor. "Não fui herói. Exerci meu papel de cidadão", diz ele. "Hoje, quero ficar na moita. Quero ir à feira, comer minha buchada, meu mocotó. Gostaria que esquecessem que Eriberto existiu."
Arrependimento? Não se trata disso. Eriberto, hoje com 37 anos, não ficou rico, mas também não empobreceu. Mora com a mulher e os filhos num apartamento alugado. Só não quer mais se envolver com política. "[Político" totalmente honesto não existe", afirma.
Na última quinta, concedeu entrevista à Folha, de pé, no estacionamento do Ministério dos Transportes. "Aqui dá para falar mais à vontade."
Sobre ameaças, diz que recebeu um telefonema. "Tinha abalado a estrutura do país. Mexi com a autoridade máxima. Temi. Mas ficou no telefonema." Questionado sobre que recomendação daria a funcionários de autoridades envolvidas com corrupção, respondeu: "Corrupção tem que ser denunciada. Não tem que ter medo. Mas se achar que vai dar em pizza, não adianta mexer".


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