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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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Planalto dá subsidiárias do BB ao PT

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT passou a controlar praticamente todos os cargos estratégicos do Banco do Brasil. Apesar de ter indicado um executivo de perfil mais técnico para presidir o BB, o governo entregou o comando das principais subsidiárias para pessoas ligadas ao partido.
É o caso da Previ -maior fundo de pensão da América Latina-, da Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do BB), da BB DTVM (corretora pertencente ao BB) e da Fundação Banco do Brasil. Todas essas instituições são, hoje, presididas por pessoas com ligações fortes com o PT.
Cargos de segundo escalão dentro do BB também foram distribuídos a pessoas ligadas ao PT. Conforme a Folha revelou no último dia 17 de agosto, um terço dos 150 principais executivos do banco foram substituídos com a chegada do novo governo. Foram trocados cinco dos sete vice-presidentes, 8 dos 15 diretores e sete dos dez gerentes-gerais.
"Nunca houve, na história do banco, uma substituição de técnicos feita com a ganância que se observa neste governo", diz o presidente da Anabb (Associação Nacional dos Funcionários do BB), Valmir Camilo.
A dança das cadeiras foi tão intensa que superlotou a sala que, no sexto andar da sede do BB, em Brasília, era destinada aos executivos que perdem seus cargos e ainda não têm uma nova função definida. Neste ano, as substituições foram tantas que a sala passou a não comportar tanta gente e acabou sendo fechada.
Filiado ao PPS, Camilo critica a politização da distribuição de cargos de nível técnico do BB. "Parece que há uma regra dizendo que o simples fato de a pessoa ter sido dirigente sindical dá a ela capacidade para trabalhar no banco."
O BB sempre foi um tradicional reduto petista, por onde passaram nomes que, hoje, ocupam postos de destaque no governo, como o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini. Para presidir o banco, porém, o governo quis evitar a politização e indicou Cássio Casseb, que se envolveu pouco com política ao longo de sua carreira, construída em empresas como o Citibank e a Credicard.
Desde a posse de Lula, porém, muitas pessoas ligadas ao movimento sindical foram indicadas para outros cargos no banco ou em alguma de suas divisões.
É o caso, por exemplo, da Previ, que tem um patrimônio estimado em R$ 43,6 bilhões. O comando do fundo de pensão foi entregue a Sérgio Rosa, ex-diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo -que já foi presidido Berzoini.
Já a BB DTVM (distribuidora de títulos e valores mobiliários do BB) ficou com Nelson Rocha Augusto. Economista formado pela Unicamp, Augusto foi secretário de Planejamento do então prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, hoje ministro da Fazenda.
A Cassi é presidida por Sérgio Vianna, ex-vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal e ligado à CUT.



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