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D. Eusébio escolheria africano para papa
FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Novo cardeal brasileiro, d. Eusébio Oscar Scheid, 70, disse que escolherá um cardeal africano se tiver que votar no sucessor do papa
João Paulo 2º. "A África está sofrendo muito", afirmou.
Embora tenha manifestado a intenção de votar em um cardeal
africano, d. Eusébio disse que o
próximo papa poderá ser um latino-americano, por causa do grande número de católicos nas Américas. "Não gosto de falar de novo
papa porque parece que a gente
não está mais confiando no papa
atual", disse, acrescentando que
espera não ter de votar no sucessor de João Paulo 2º.
A sucessão no comando da
Igreja Católica só é definida após a
morte do papa. Depois do enterro, o Colégio Cardinalício, do qual
d. Eusébio passa a fazer parte, se
reúne para decidir quem será o
novo papa. Só os cardeais com
menos de 80 anos têm direito a
voto, mas todos são elegíveis.
O arcebispo da Arquidiocese do
Rio recebeu com aparente surpresa e gratidão a indicação para o
Colégio Cardinalício, feita ontem
por João Paulo 2º. Ele atribuiu a
nomeação à "importância do Rio,
porque já é tradição que todos os
bispos da cidade sejam elevados a
cardeal". "Não ansiava pelo título.
Eles não dizem nada, se esvoaçam
no tempo e no espaço. O que permanece é a dignidade da sede,
com uma história secular", disse.
O novo cardeal rezou ontem de
manhã uma missa na Catedral
Metropolitana do Rio (centro). O
bispo emérito de Campos (RJ), d.
João Corso, leu, no início da missa, a carta em que a Nunciatura
Apostólica no Brasil anunciava a
escolha. Após a missa, d. Eusébio
falou sobre a nomeação.
Ele preferiu não abordar questões polêmicas, como a situação
social e a violência. Agradeceu ao
papa e disse que não mudará: "Estou me sentindo grato ao papa,
mas continuo o mesmo. Minha
função é ser arcebispo". Ressaltou
que, agora, suas responsabilidades aumentam, já que as funções
de cardeal não se restringem à arquidiocese. Entre os pontos negativos, disse não gostar das viagens
que terá de fazer.
Arcebispo emérito do Rio e antecessor de d. Eusébio na arquidiocese, o cardeal d. Eugenio Sales
elogiou a escolha: "Alegrei-me
com a nomeação. Assim, a querida Arquidiocese do Rio terá como
pastor um cardeal".
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