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Renata Lo Prete
Perdas e danos
MESMO COM a dúvida a pairar sobre a disputa
presidencial, é possível fazer um balanço preliminar de lideranças que deverão sair derrotadas desta eleição. Entre elas estão
figuras de proa da campanha de Geraldo Alckmin e
da oposição a Lula.
Tome-se o caso do presidente do PSDB, Tasso
Jereissati. Com a vitória
do irmão Cid (PSB) para o
governo e o estoque de votos que o levará à Câmara,
o lulista Ciro Gomes será o
novo chefe político do
Ceará. A parceria Ciro-Tasso sobreviverá, mas
com inversão da hierarquia entre os dois.
Também na Bahia há
uma troca de guarda em
curso. A provável derrota
do candidato escolhido
por Antonio Carlos Magalhães para disputar o Senado e a perspectiva de
um terceiro mandato de
governador para Paulo
Souto deixarão claro
quem tem a força hoje no
Estado e no PFL local.
O presidente da sigla,
Jorge Bornhausen, elegerá o filho deputado e, indicam pesquisas, o senador
por Santa Catarina. Mas
ficará ele mesmo sem
mandato, o que não contribuirá para manter o tamanho de sua influência
no PFL nacional.
Enfraquecidos em seus
Estados, Tasso, ACM e
Bornhausen precisariam
da vitória de Alckmin para
se fortalecer em Brasília.
Se a vantagem de Lula sobre os adversários não diminuir até domingo, a
ponto de garantir a realização do segundo turno,
os três estarão fadados a
um "downsizing".
O interessante é que
Tasso, ACM e Bornhausen
são nomes sempre lembrados quando se prevê o
inferno para Lula num segundo mandato, em especial agora que há uma encrenca -a do dossiê- destinada a sobreviver ao dia
1º, seja porque o governo
claramente opera para retardar as conclusões da investigação, seja pela ação
contra a candidatura em
andamento no TSE.
Ninguém ouve, porém, a
expressão "perda de mandato" na boca dos oposicionistas vitoriosos desta
eleição. Desde que foi revelada a parceria de negócios entre o PT e os Vedoin, tanto José Serra -o
alvo do dossiê- quanto
Aécio Neves se manifestam sempre uma oitava
abaixo, pelo menos, do
tom utilizado pelos tucanos e pefelistas envolvidos
na campanha de Alckmin.
Para os dois, a vida continua, e 2010 está logo aí.
Isso não significa que a
vida de Lula será fácil em
caso de vitória. As dificuldades serão muitas, mas,
hoje, derivam menos da
oposição e mais das tranqueiras que o presidente
leva de herança do primeiro mandato -dos escândalos em aberto à necessidade de ceder tudo e mais
um pouco ao PMDB, para
revolta do PT, outro derrotado nesta eleição.
Ainda que o partido não
perca espaço significativo
no Congresso, no governo
perderá. É das poucas certezas que se pode ter.
RENATA LO PRETE é editora do Painel
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