DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de um encontro com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Heráclito Fortes (PFL-PI) acusaram o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e a Polícia Federal de não terem acionado o BC para ajudar na identificação do dinheiro que seria utilizado por petistas para comprar dossiê contra tucanos.
Segundo Jereissati, ao ser cobrado sobre a sua atuação para descobrir a origem dos dólares Meirelles disse que, até agora, não houve nenhuma solicitação do Ministério da Justiça ou da PF para que a instituição entrasse nessa investigação.
Isso apesar de o BC ter o registro de todas as operações de compra e venda de dólares feitas por instituições financeiras e a identificação dos envolvidos nessas transações. Portanto, tem condições de rastrear o caminho do dinheiro. "Isso é escândalo, um absurdo. O ministro da Justiça tem que responder a isso. Do contrário, está sendo cúmplice de um crime", disse o tucano. "Acuso o Ministério da Justiça e a PF de estarem escondendo o que sabem."
Segundo o senador, Meirel les disse que "todas as investigações estão sendo conduzidas apenas pela PF, sem nenhuma articulação com o BC". "Considero estranhíssimo que a PF ainda não tenha pedido ao BC ajuda de informações para solucionar o caso. O que me leva a crer que a PF já sabe e, por alguma razão, está sendo constrangida a não informar."
Para Thomaz Bastos, pefelistas e tucanos estão agindo politicamente. "É querer demais da natureza humana que presidentes de partidos, na véspera das eleições que lhe são desfavoráveis, não tentem gerar fatos." O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, também rebateu as críticas. "Essas manifestações são típicas de quem está em campanha. Buscar informações no BC é irrelevante. A PF já teve acesso às informações necessárias graças ao acordo de cooperação com os EUA."
Para Fortes, apesar de o BC não ter sido solicitado para ajudar nas investigações, sua atuação "é decepcionante". "O BC não sabe de nada e não viu nada. O guardião da moeda hoje é a PF", criticou, ao ressaltar que o próprio Meirelles disse que a instituição tem condições de rastrear a origem do dinheiro.
Em nota, o BC disse não ter o registro do número de série dos dólares negociados pelos bancos e que, no sistema eletrônico, estão armazenadas "as operações de compra e venda de moeda estrangeira, pelo montante da operação, com nome do comprador e vendedor".
O BC reiterou aos senadores que, "no âmbito da atuação da instituição, fiscaliza qualquer sinal de eventuais ilícitos cometidos por instituições financeiras". Segundo o BC, dados de compra e venda de dólar são "protegidos por sigilo bancário". Aos senadores, segundo Jereissati, Meirelles dissera que só poderia fazer investigação própria com pedido da Justiça. (SHEILA D'AMORIM, ANDRÉA MICHAEL E LETÍCIA SANDER)

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