São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Senador do PMDB pede um "chinelinho novo"

Wellington Salgado diz que seu grupo é formado por "franciscanos" que se sentem desprestigiados pelo governo Lula

Peemedebista diz que grupo não quer um sapato alemão, mas "um terço novo, um chinelinho, uma roupinha de franciscano nova"

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) resumiu ontem o motivo da insatisfação dos senadores do PMDB com o governo. Segundo ele, o grupo é formado por "franciscanos" que estão descontentes com os "cardeais" do partido e querem do governo apenas "um chinelo novo" para se sentirem "prestigiados" em seus Estados.
Para atender ao grupo, afirmou Salgado, não é preciso muito. "Não é um sapato de cromo alemão que os franciscanos querem, mas um chinelinho novo. Pode ser até usado, o que ninguém agüenta mais é machucar o pé", afirmou.
"Chinelinho novo", segundo os próprios peemedebistas, significa cargos no segundo, terceiro e quarto escalões: "Tem senadores que estão sem prestígio no seu Estado e isso não pode acontecer. Se vai ter [do governo] um terço novo, um chinelinho, uma roupinha de franciscano nova não sei, mas o clima é de insatisfação".
Salgado pertence ao grupo de 12 senadores que na última quarta, para chamar a atenção do governo, derrubou a medida provisória que criava 626 cargos mais a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, de Mangabeira Unger, do PRB.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), pediu calma aos colegas. "Não é fácil fazer nomeações porque não é um governo novo, os cargos estão ocupados, é um processo delicado que tem que ser feito cuidadosamente, com calma", disse. Além da insatisfação com a demora do governo no preenchimento dos cargos, eles também se queixam dos líderes Jucá (RR) e Roseana Sarney (MA) que, dizem, fecham acordos sem consultar a bancada, desrespeitando o líder Valdir Raupp (RO), que integra o "grupo dos franciscanos".
Jucá e Roseana são chamados pelos "franciscanos" de "cardeais". Segundo a Folha apurou, a presença deles na primeira reunião do grupo na terça foi cogitada, mas alguns senadores disseram que não compareceriam se eles fossem.
O ministro José Gomes Temporão (Saúde) também é motivo de críticas da bancada. Ele é acusado de não receber os senadores e se comportar como ministro de Lula e não do PMDB. Na próxima terça, os "franciscanos" voltam a se reunir na casa do senador Valter Pereira (PMDB-MS). O objetivo é atrair mais insatisfeitos. "Temos de trazer o maior número possível de companheiros", disse, citando Jarbas Vasconcelos (PE), Mão Santa e Gerson Camata (ES).

CPI das ONGs
O grupo também deve se fortalecer com a provável indicação de Pereira para a relatoria da CPI das Ongs, que será instalada na próxima quarta. O governo é contra a CPI por entender que a investigação irá tensionar a Casa, mas a instalação é parte de acordo com a oposição para desobstruir a pauta.
"O eixo de toda insatisfação é falta de diálogo. O movimento agora é deixar de ser uma manada para ser uma bancada. Muitas vezes os senadores chegam para votar sem nem saber qual é a pauta, eles [os líderes do governo] precisam comandar a orquestra", disse Pereira.
Para acalmar os ânimos, os líderes governistas tentam articular um encontro dos aliados no Senado com o presidente Lula na próxima semana: "É claro que isso será necessário", afirmou Roseana.


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