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Senador do PMDB pede um "chinelinho novo"
Wellington Salgado diz que seu grupo é formado por "franciscanos" que se sentem desprestigiados pelo governo Lula
Peemedebista diz que grupo não quer um sapato alemão, mas "um terço novo, um chinelinho, uma roupinha de franciscano nova"
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) resumiu ontem o motivo da insatisfação
dos senadores do PMDB com o
governo. Segundo ele, o grupo é
formado por "franciscanos"
que estão descontentes com os
"cardeais" do partido e querem
do governo apenas "um chinelo
novo" para se sentirem "prestigiados" em seus Estados.
Para atender ao grupo, afirmou Salgado, não é preciso
muito. "Não é um sapato de
cromo alemão que os franciscanos querem, mas um chinelinho novo. Pode ser até usado, o
que ninguém agüenta mais é
machucar o pé", afirmou.
"Chinelinho novo", segundo
os próprios peemedebistas, significa cargos no segundo, terceiro e quarto escalões: "Tem
senadores que estão sem prestígio no seu Estado e isso não
pode acontecer. Se vai ter [do
governo] um terço novo, um
chinelinho, uma roupinha de
franciscano nova não sei, mas o
clima é de insatisfação".
Salgado pertence ao grupo de
12 senadores que na última
quarta, para chamar a atenção
do governo, derrubou a medida
provisória que criava 626 cargos mais a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, de
Mangabeira Unger, do PRB.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
pediu calma aos colegas. "Não é
fácil fazer nomeações porque
não é um governo novo, os cargos estão ocupados, é um processo delicado que tem que ser
feito cuidadosamente, com calma", disse. Além da insatisfação com a demora do governo
no preenchimento dos cargos,
eles também se queixam dos líderes Jucá (RR) e Roseana Sarney (MA) que, dizem, fecham
acordos sem consultar a bancada, desrespeitando o líder Valdir Raupp (RO), que integra o
"grupo dos franciscanos".
Jucá e Roseana são chamados pelos "franciscanos" de
"cardeais". Segundo a Folha
apurou, a presença deles na
primeira reunião do grupo na
terça foi cogitada, mas alguns
senadores disseram que não
compareceriam se eles fossem.
O ministro José Gomes
Temporão (Saúde) também é
motivo de críticas da bancada.
Ele é acusado de não receber os
senadores e se comportar como ministro de Lula e não do
PMDB. Na próxima terça, os
"franciscanos" voltam a se reunir na casa do senador Valter
Pereira (PMDB-MS). O objetivo é atrair mais insatisfeitos.
"Temos de trazer o maior número possível de companheiros", disse, citando Jarbas Vasconcelos (PE), Mão Santa e
Gerson Camata (ES).
CPI das ONGs
O grupo também deve se fortalecer com a provável indicação de Pereira para a relatoria
da CPI das Ongs, que será instalada na próxima quarta. O governo é contra a CPI por entender que a investigação irá tensionar a Casa, mas a instalação
é parte de acordo com a oposição para desobstruir a pauta.
"O eixo de toda insatisfação é
falta de diálogo. O movimento
agora é deixar de ser uma manada para ser uma bancada.
Muitas vezes os senadores chegam para votar sem nem saber
qual é a pauta, eles [os líderes
do governo] precisam comandar a orquestra", disse Pereira.
Para acalmar os ânimos, os líderes governistas tentam articular um encontro dos aliados
no Senado com o presidente
Lula na próxima semana: "É
claro que isso será necessário",
afirmou Roseana.
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