|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÃO NO ESCURO
Em 2002, medida deve ficar restrita a teste com apenas 5% das urnas eletrônicas
Impressão de voto está sob ameaça
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está sob ameaça a adoção do
voto impresso nas eleições de
2002, medida que daria mais segurança ao sistema da urna eletrônica. A impressão de votos,
que permite a recontagem em caso de suspeita de fraude no resultado, deverá ficar restrita a um
teste em no máximo 5% das 405
mil urnas usadas no país.
O presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro Nelson Jobim, considera-se desobrigado de fazer essa adaptação na
votação informatizada por causa
da demora do Congresso em
aprovar o projeto que introduzirá
a mudança na legislação eleitoral.
Jobim alertou vários senadores
e deputados que a lei precisaria
estar sancionada até 6 de outubro
último, um ano antes do primeiro
turno, para valer obrigatoriamente naquele momento. O entendimento dele é que, desde então, essa providência tornou-se facultativa para a Justiça Eleitoral.
Suspeitas
Houve sucessivos encontros
com políticos, como o presidente
do PDT, Leonel Brizola, desde
que o escândalo da violação do
painel eletrônico do Senado [leia
texto nesta página" disseminou
suspeitas sobre os outros sistemas
informatizados de votação, especialmente o da Justiça Eleitoral.
Nas conversas com congressistas, o ministro disse que tomaria
as medidas necessárias para a impressão de pelo menos parte dos
votos no ano que vem desde que
tivesse tempo e condições.
Atualmente, o TSE está concluindo um edital de licitação para a compra de 51 mil novas urnas
eletrônicas. A expectativa é encerrar a concorrência neste ano.
O tribunal quer que essas máquinas já sejam fabricadas com algum mecanismo de impressão do
voto para uso em 2006.
Na época, seria necessário
adaptar as já existentes.
A fabricação com essas características depende da rápida aprovação do projeto. Sem a sanção da
lei, o edital da concorrência não
poderá fazer a exigência.
Teste
Em 2002, o provável teste do voto impresso envolverá apenas
uma parte delas: de 8.000 a 20 mil.
Será uma experiência para verificar, por exemplo, a provável demora dos eleitores na digitação
dos votos para os seis cargos em
disputa: presidente da República,
dois senadores, deputado federal,
governador e deputado estadual.
As urnas eletrônicas estão em
uso desde 1996. Inicialmente, elas
estavam restritas a apenas a um
terço dos eleitores. Em 2000, chegaram à totalidade das seções.
O sistema atual não permite a
recontagem de votos. Esse fato gera dúvida sobre a possibilidade de
os dados digitados pelo eleitor
não serem devidamente computados no resultado das eleições.
O voto impresso criará a possibilidade de recontagem nas seções eleitorais onde houver suspeita de fraude.
Durante a votação, o eleitor poderá verificar, por meio de um visor, se as informações impressas
correspondem aos dados digitados para confirmar ou cancelar a
operação. Se anunciar que não foi
bem sucedido na segunda tentativa, será conduzido pelo mesário a
votar em cédula.
Andamento
A tramitação do projeto ainda
não atingiu a sua fase final. O Senado o aprovou em 2 de outubro,
quatro dias antes do prazo máximo para a sua sanção, segundo o
entendimento de Jobim.
Na Câmara, ele foi apreciado na
última quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça e deverá ser votado pelo plenário nesta semana. Se forem mantidas alterações incluídas pela CCJ, precisará voltar ao Senado.
As mudanças nas normas eleitorais precisam ocorrer até um
ano antes de determinada eleição
para valerem naquele momento.
Para Jobim, o fato de a adoção do
voto impresso ser uma medida de
caráter meramente operacional
não elimina essa necessidade.
Texto Anterior: Para petistas, denúncias são "caso de polícia" Próximo Texto: Debate voltou após fraude no painel do Senado Índice
|