São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Contabilidade petista
O PT quer aumentar a previsão de inflação no Orçamento de 2003 de 6% para pelo menos 8% e, com isso, ampliar a expectativa de arrecadação de impostos a fim de ter uma margem maior para investimentos, aumento do salário mínimo e reajuste da folha do funcionalismo.

Otimismo inicial
A proposta orçamentária enviada por FHC ao Congresso prevê inflação de 6% e arrecadação de cerca de R$ 330 bi. Com o aumento da previsão e a eventual descoberta de novas fontes de receitas, o PT avalia que dá para obter R$ 30 bi a mais.

Segunda versão
Lula atrasou por cerca de duas horas seu discurso ontem porque não gostou da versão preparada pelos seus assessores para o primeiro pronunciamento. Achou que estava "econômico" demais. O presidente eleito queria dar um enfoque mais social.

Espaço liberal
A bancada do PL no Congresso se reunirá hoje à tarde com José Alencar, vice-presidente eleito. Na pauta, a participação da sigla no ministério de Lula e a filiação de novos parlamentares.

Fonte de recursos
Do deputado João Caldas (PL-AL), sobre Lula ter dito em seu discurso que a sua prioridade é combater a fome: "Para aplacar a fome tem de aplacar a corrupção. Lula tem de olhar, primeiro, é para a Comissão de Orçamento. Lá é o grande ralo do país".

Ninguém notou
José Maria Eymael, do PSDC, não se conformou quando Lula não citou seu partido no discurso. Quase invadiu a área restrita à equipe do presidente eleito. Depois, implorou que a sigla fosse incluída na versão divulgada pela internet. Foi atendido.

Poder de fogo
O PMDB deverá aumentar sua bancada no Senado de 19 para 21 senadores. Além de Aelton Freitas (PMDB-MG), que assume a vaga de José Alencar, vice-presidente eleito, o partido deve ganhar João Motta (ES), suplente de Paulo Hartung (PSB-ES).

Mais real que o rei
Dirigentes do PT não queriam que Lula fosse à festa na avenida Paulista, anteontem, por razões de segurança. Mas o presidente eleito foi irredutível.

Morosidade judiciária
Lula deverá visitar na semana que vem os presidentes do STF, do STJ e do TST. O petista ouvirá que somente uma reforma dos códigos de processos -e não a reforma do Judiciário, que se arrasta no Congresso- poderá desafogar a Justiça.

Advocacia ministerial
Ministros de tribunais superiores ficaram apreensivos com a especulação de que Márcio Thomaz Bastos possa ir para o Ministério da Justiça. Como advogado criminalista, Bastos não teria "trânsito" nos tribunais, a exemplo do ex José Carlos Dias, outro brilhante criminalista.

Mão dupla
O governador eleito de SC, Luiz Henrique (PMDB), já definiu um ponto da agenda mínima de reivindicações do Estado a ser debatida com o governo Lula: a conclusão da duplicação da rodovia BR-101. O Orçamento-2003 reservou apenas 25% do valor necessário para a obra.

Agenda lotada
O presidente do PSDB, deputado José Aníbal, disse ontem pelo telefone ao colega José Genoino (PT) que os dois "poderão almoçar e jantar muitas vezes no ano que vem"". Ambos ficarão sem mandato na Câmara dos Deputados em 2003.

Ponta do lápis
O PT não engoliu os resultados adversos nas eleições pelos governos do DF, Amapá e Pará. A sigla passou o dia ontem fazendo uma "apuração paralela" para tentar confirmar números dos TREs. No Ceará, o PT local quer uma recontagem oficial.

TIROTEIO

Do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), senador eleito, sobre o comportamento dos tucanos em relação ao governo Lula:
- Não faremos oposição demagógica, ao contrário do que o PT fez em alguns momentos, como, por exemplo, no caso da Lei de Responsabilidade Fiscal.

CONTRAPONTO

Presidente interino

Cerca de 300 jornalistas brasileiros e estrangeiros aguardaram ontem por cerca de duas horas, num auditório do hotel Intercontinental, em SP, o pronunciamento do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Enquanto Lula não aparecia, os jornalistas procuravam outras pessoas ligadas à campanha e ao PT, mas ninguém estava lá. De repente, apareceu o economista Antônio Prado, coordenador executivo do programa de governo de Lula.
Cerca de 30 repórteres "cercaram" Prado com perguntas sobre todo tipo de assunto, do Orçamento da União à base petista no Congresso. Depois de 40 minutos de saraivada, Antônio Prado virou-se para uma assessora e apelou, brincando:
- Me tira daqui, por favor!
Uma jornalista respondeu:
- Me desculpe, Prado, mas enquanto não chegar o resto do pessoal, vai com você mesmo...



Próximo Texto: Regime Militar: Mais de 11 mil pedidos de anistia aguardam decisão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.