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Surpreendente, PMDB vira meta prioritária de Lula
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O surpreendente desempenho
do PMDB em Estados importantes no segundo turno elevou o
partido à condição de alvo prioritário do PT na busca de uma base
sólida de sustentação para Luiz
Inácio Lula da Silva.
A ordem do presidente eleito
aos dirigentes petistas é deflagrar
uma operação imediata de cortejo
aos peemedebistas.
O primeiro passo será procurar
os novos governadores do PMDB
que apoiaram Lula na campanha
-Roberto Requião (PR) e Luiz
Henrique (SC)-, para que sirvam de intermediários com a direção partidária, que coligou-se
com José Serra (PSDB).
Mesmo antes do segundo turno,
era voz corrente no PT que o
PMDB precisava ser atraído para
a órbita do futuro governo.
Com o fortalecimento dos peemedebistas, que agora controlam
Estados importantes, o sentimento de urgência do PT aumentou.
Os lulistas avaliam que ter a legenda no campo oposto seria ameaça
grave à governabilidade de Lula.
O PMDB foi o grande vitorioso
no segundo turno. Reelegeu Joaquim Roriz por pequena margem
no Distrito Federal e comandará
toda a região Sul.
No Rio Grande do Sul, Germano Rigotto destruiu a hegemonia
petista; em Santa Catarina, Luiz
Henrique obteve uma inesperada
vitória contra o PPB; e, no Paraná,
Requião também triunfou após
disputa apertada.
"O PMDB mostrou nesta eleição que é um partido que terá governadores importantes, com os
quais Lula deverá buscar um diálogo permanente, dentro de sua
filosofia de fazer ações integradas,
principalmente na área da segurança", diz o deputado federal José Genoino (SP).
O objetivo mínimo do PT é ter
uma relação amistosa com os peemedebistas, mas o sonho de Lula
é atrair o PMDB formalmente para sua base no Congresso. O
PMDB terá 74 deputados federais
e 19 senadores.
Em razão da forte presença da
ala do partido ligada ao atual governo, o apoio formal do partido a
Lula ainda é incerto.
Nas conversas com Requião,
antigo aliado, e Luiz Henrique,
"neolulista", o PT quer transmitir
o recado de que está disposto a
oferecer ao partido ministérios
com orçamento reforçado, provavelmente na área social.
Além de Requião e Luiz Henrique, o PT avalia ainda que tem
diálogo fácil com Rigotto e com
Jarbas Vasconcelos (PE), reeleito
em primeiro turno -apesar de
nenhum dos dois ter apoiado o
petista na eleição.
Amizade
Rigotto é amigo pessoal de Antônio Palocci, coordenador do
programa de governo de Lula,
desde o tempo em que ambos trabalharam pela reforma tributária
no Congresso.
Já Jarbas tem relações com Lula
que vêm da resistência ao regime
militar.
"Já no primeiro turno dez seções estaduais do PMDB apoiaram Lula. A conversa com o partido tem tudo para correr bem", diz
o secretário-geral do PT, Luiz
Dulci, um dos comandantes das
articulações com outros partidos.
O único entrave na equação é
Roriz, acusado de ter fraudado
sua reeleição pelos petistas de
Brasília. Mas mesmo esse caso será tratado com cuidado pela direção nacional do PT, para não contaminar a relação nacional com o
PMDB.
"Nós sabemos separar bem as
coisas. Uma coisa é a disputa política com o PMDB, outra coisa é a
relação político-administrativa",
diz Genoino.
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