São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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RIO GRANDE DO SUL

De olho no apoio do PMDB do novo governador em nível federal, petista já marcou um encontro com sucessor

Por Lula, Olívio facilita transição para Rigotto

Flavio Florido/Folha Imagem
O governador eleito Germano Rigotto (PMDB) durante entrevista


LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O governo petista do Rio Grande do Sul surpreendeu o governador eleito do Estado, Germano Rigotto (PMDB), 53, com o oferecimento de instalações e informações para que comece imediatamente a transição.
Embora as condições sejam parecidas com as que o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) propiciará ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a decisão do governador Olívio Dutra (PT) contrasta com o que ocorreu na sua eleição.
Seu antecessor, Antônio Britto (então PMDB, hoje PPS) dificultou a transferência da máquina do Estado. Não compareceu nem à cerimônia de posse de Olívio.
O governador conversou por telefone na noite de anteontem e ontem de manhã com Rigotto. Eles marcaram um primeiro encontro para a segunda-feira. Instalações para a equipe de transição já estão prontas.
O movimento do PT gaúcho em direção a Rigotto obedece à avaliação do PT nacional de que a eleição teve impacto no PMDB, favorecendo uma ala que seria mais ética e disposta a colaborar.
Mesmo assim, Rigotto voltou ontem a se dizer contra o PMDB integrar o novo governo federal. O deputado federal reeleito Eliseu Padilha diz querer o partido com candidato próprio à Presidência.
Olívio reconheceu que o seu governo contribuiu para a derrota do candidato petista, Tarso Genro, para Rigotto: ""Temos um governo que contrariou interesses. Avançou, mas precisava de um espaço mais propício para se ampliar na base da sociedade".
O PT gaúcho espera fazer pelo menos um ministro de Lula.
Há articulações para Olívio ganhar a Agricultura, a Reforma Agrária ou a Integração Nacional. Para Tarso ser ministro da Justiça. E o senador eleito Paulo Paim ficar com o Trabalho.

Pesquisas
Depois de anunciar pesquisa de boca-de-urna dando 12 pontos de vantagem (acabou em 5,4) de Rigotto sobre Tarso (56% a 44% dos votos válidos) e levantamento no sábado prognosticando diferença de 16 pontos (58% a 42%), o Ibope reconheceu ter errado.
"O Ibope lamenta, pede desculpas aos gaúchos por não ter precisado o número como precisamos em Santa Catarina", disse o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, na TV COM.
Montenegro respondeu ao candidato do PT, segundo o qual os números do Ibope fizeram parte de um esquema de ""manipulação" do grupo de comunicação RBS para "desestimular" a base petista -a diferença divulgada oito dias antes da eleição era de 24 pontos (62% a 38%).
""Acho que o Tarso deve tentar aprender com os erros que o PT cometeu. Prometo que também vamos fazer o dever de casa e tentar verificar o que aconteceu." Montenegro disse que a responsabilidade pelo erro é do Ibope, e não da RBS. A Folha tentou falar com ele, mas não conseguiu.
Tarso afirmou que "as pesquisas que esse grupo [a RBS] publicou foram manipuladas para desestimular nossa base, para desestimular nossa atividade e para nos deixar derrotados e sem vontade de disputa política".
A RBS respondeu em nota do jornal "Zero Hora". Disse que não faz pesquisas, mas as contrata. "A RBS repele veementemente qualquer insinuação de que pudesse ter influenciado os resultados de pesquisas e lamenta ver seu nome envolvido em acusações irresponsáveis", diz a nota.
Na sexta, o Centro de Pesquisa Correio do Povo, do principal diário concorrente da "Zero Hora", projetou o resultado: 52,6% para Rigotto, 47,4% para Tarso. Números finais da eleição: Rigotto 52,67%, Tarso 47,33%.


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