São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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ANÁLISE

Partido elege 5 governadores, mas falta unidade para se posicionar em relação a Lula

Dividido, PMDB avalia papel no governo

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O PMDB nos quatro Estados onde elegeu governadores -Germano Rigotto (RS), Luiz Henrique (SC), Roberto Requião (PR) e Jarbas Vasconcelos (PE)- e ainda no Distrito Federal, que elegeu Joaquim Roriz, sai das eleições sem uma unidade em relação ao comportamento do partido diante da gestão presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Atrelado nos últimos oito anos ao governo FHC, o partido agora se vê novamente dividido e diante de um dilema: apoiar ou fazer oposição ao governo federal?
Esse será o novo foco de discussões dentro do partido, cujo tema a cúpula nacional, também sem rumo, já deixou vazar.
O Sul do país, por estar sob o domínio do PMDB, poderia ditar o rumo se houvesse ao menos lá a unidade, mas também não há.
Rigotto fala em "oposição com responsabilidade"; Requião é a favor, até porque a adesão do PT a ele foi fundamental para sua eleição; já Luiz Henrique, que esteve com José Serra (PSDB) no primeiro turno e no seguinte com Lula, pode ser o fiel da balança.

Força sulista
Para Requião, a força do PMDB sulista é "um sinal de que o PMDB nacional vai mudar e apoiar o governo de Lula". E ele, rival da atual cúpula dirigente do partido, vai insistir nisso. Se diz "um peemedebista de coração petista".
Na outra esfera, está Jarbas Vasconcelos, reeleito para um novo mandato e até hoje influente na direção nacional.
Ontem, Jarbas defendeu o PMDB na oposição. Em nota, considerou "inconteste" a vitória do petista, mas isso não o afasta do pensamento opositor.
"Não uma oposição radical, como fez o PT [ao governo de Fernando Henrique Cardoso" (...) Consideramos que a hora é de pensar na governabilidade do país", afirma a nota de Jarbas.
Jarbas defende que o PMDB aguarde a apresentação dos projetos que Lula pretende implementar para, "na medida do possível, ajudar na sua aprovação pelo Congresso".
Embora sem cargos majoritários, o PMDB de São Paulo e de Minas Gerais, dois Estados com forte influência política e peso dentro do PMDB, também serão determinantes nessa escolha.

São Paulo e Minas
Em São Paulo, Orestes Quércia, derrotado para o Senado, apoiou Lula. O PMDB de Minas também. Os mineiros vão trabalhar pelo apoio. Tanto a ala que saiu fortalecida das eleições e a derrotada.
A fortalecida reflete os interesses e idéias do governador Itamar Franco (sem partido, ex-PMDB), apoiador de Lula que, mesmo sem mandato, continuará influindo e interessado na reestruturação da sigla no Estado, segundo o senador eleito Hélio Costa, que surge como um dos principais nomes do PMDB mineiro.
A outra ala também quer o apoio, mas sem deixar de rivalizar com a cúpula nacional.
"Eu espero que o Lula não dê vazão ao ímpeto oportunista e clientelista do PMDB governista. O PMDB vitorioso é o que apoiou o Lula e se aliou às bases do partido", disse o deputado federal Saraiva Felipe, presidente do PMDB-MG, diante da dúvida da cúpula do partido.


Colaborou MARI TORTATO, da Agência Folha, em Curitiba


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