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ORÇAMENTO
Apesar de incerteza sobre recursos, senadores autorizam operação do BNDES com a Prefeitura de São Paulo
Comissão aprova empréstimo para Marta
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CAE (Comissão de Assuntos
Econômicos) do Senado finalmente aprovou ontem o empréstimo do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) à Prefeitura de São Paulo,
apesar das dúvidas em relação à
liberação dos recursos.
São R$ 493,8 milhões, destinados à segunda etapa do sistema de
integração das linhas de ônibus
da capital paulista.
A operação provocou um confronto entre a prefeita Marta Suplicy (PT) e senadores do Nordeste. Eles foram acusados pela petista de organizar uma manifestação
contra a capital paulista.
Ontem, senadores do PFL e do
PSDB, principalmente da região
Nordeste, marcaram sua posição
com discursos em que disseram
que São Paulo tem acesso privilegiado aos recursos federais.
No entanto, quase todos votaram a favor -o único voto contra
foi de Almeida Lima (PDT-SE).
Os tucanos atenderam ao apelo
do governador Geraldo Alckmin
(PSDB) para votar a favor.
"O governador quer deixar claro que o interesse de São Paulo está acima de qualquer interesse
eleitoral ou eleitoreiro", afirmou
Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Amanhã, a operação deverá ser
submetida ao plenário do Senado.
A autorização é certa, mas não garante automaticamente o desembolso dos recursos à prefeitura.
Segundo o presidente do
BNDES, Carlos Lessa, o empréstimo depende de aporte de recursos do Tesouro Nacional ao banco. O BNDES tem restrições orçamentárias para empréstimos em
razão de um calote.
"O BNDES atravessa uma situação delicada. O impacto da dívida
da AES [empresa americana controladora da Eletropaulo] é de
US$ 1,2 bilhão de dólares. Se o
acordo feito entre BNDES e AES
for mantido pela empresa, seguramente esse desembolso [para
São Paulo] será feito o mais rapidamente possível. Se a AES não
honrar o acordo, será necessário
que o governo repense a política
de capitalização do banco", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
A expectativa do secretário municipal de Finanças de São Paulo,
Luís Carlos Fernandes Afonso, é
que as obras não sejam interrompidas. Segundo ele, o empréstimo
representa 60% dos recursos destinados à implantação do Sistema
Integrado de Transporte Urbano
de Passageiros.
Legalidade
Senadores do PFL e do PSDB
questionaram a legalidade do empréstimo pelo fato de a prefeitura
ter extrapolado o limite de endividamento determinado pelo Senado. A polêmica adiou a votação na
CAE duas vezes.
Jereissati citou a suspensão dos
recursos federais para o metrô de
Fortaleza: "O argumento do governo para não liberar recursos
por causa do impacto no superávit fiscal só serve para algumas cidades e alguns partidos. A Lei de
Responsabilidade Fiscal fica comprometida a partir de agora".
Para o pefelista César Borges
(BA), "o superávit primário é maleável, dependendo do cliente.
Quando é para atender a um
cliente que interessa ao Planalto,
como São Paulo, o superávit fica
em segundo plano". Segundo ele,
os recursos para o metrô de Salvador também foram suspensos.
A operação entre o BNDES e a
Prefeitura de São Paulo foi prevista no acordo de refinanciamento
de dívidas, entre município e
União, firmado em 1999 e aprovado pelo Senado em 2000. Foi, portanto, um acordo "excepcionalizado", entre a gestão do ex-prefeito Celso Pitta e o governo FHC.
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