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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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ESQUERDA NO DIVÃ

Desorganização também marcou Congresso da Internacional Socialista

Evento tem mais palestra que debate

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Quem esperava assistir a debates acalorados sobre grandes temas da política internacional e o papel da Internacional Socialista (IS) num mundo cada vez mais globalizado se decepcionou.
É verdade que os assuntos abordados ontem, no segundo dia do 22º Congresso da IS, tinham como base a nova ordem mundial. Os palestrantes criticaram duramente o sistema global, em que apenas os países desenvolvidos e as grandes empresas lucram, enquanto o número de pobres e excluídos só faz crescer. Mas, em vez de debates, houve só palestras (relativamente frias).
Para os jornalistas, uma dificuldade suplementar: a ausência de um centro de informações eficaz. Nem mesmo o nome dos palestrantes e a ordem de suas intervenções foram divulgados. Não havia ninguém para dar informações sobre o evento -nem no centro de imprensa, no qual havia somente um aparelho de telefone funcionando.
No plenário, que lembrava o do Congresso Nacional do Brasil numa segunda-feira -quase vazio-, apenas os assessores dos diferentes palestrantes e algumas dezenas de interessados, visto que a maior agitação ocorria no hall de entrada e no café.
Num canto da enorme sala, dois membros de uma delegação oriental dormiam ao som das vozes uníssonas dos palestrantes. A reportagem da Folha não conseguiu descobrir sua identidade ou sua nacionalidade porque não quis cometer a indelicadeza de acordá-los.
O pouco movimento existente no plenário ficou por conta de jornalistas orientais, que se espremiam entre as bancadas para obter um bom ângulo das delegações internacionais.
No ruidoso hall de entrada, a movimentação era grande, porém a maior parte dos rostos era desconhecida. Nenhuma das grandes estrelas do socialismo internacional estava presente.
Ocupados com problemas domésticos, os premiês britânico, Tony Blair, e sueco, Göran Persson, além do chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, não puderam vir ao Brasil.
Ademais, alguns líderes cuja presença havia sido confirmada também não compareceram ao evento. O russo Mikhail Gorbatchov, o ex-premiê espanhol Felipe González e o atual premiê polonês, Leszek Miller, cancelaram sua vinda ao país na última hora.
Entre os presentes no hall ou no café, portanto, poucas personalidades de peso. Com isso, o mais interessante era observar a indumentária dos delegados.
A gravata vermelha era quase obrigatória para os homens (também não faltaram, aliás, alguns sapatos e cintos da mesma cor). Entre as mulheres, contudo, houve mais diversidade. Africanas de belos trajes típicos azuis ou verdes. Européias de tailleur. Índias latino-americanas de roupas coloridas.


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