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ESQUERDA NO DIVÃ
Desorganização também marcou Congresso da Internacional Socialista
Evento tem mais palestra que debate
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Quem esperava assistir a debates acalorados sobre grandes temas da política internacional e o
papel da Internacional Socialista
(IS) num mundo cada vez mais
globalizado se decepcionou.
É verdade que os assuntos
abordados ontem, no segundo
dia do 22º Congresso da IS, tinham como base a nova ordem
mundial. Os palestrantes criticaram duramente o sistema global,
em que apenas os países desenvolvidos e as grandes empresas
lucram, enquanto o número de
pobres e excluídos só faz crescer.
Mas, em vez de debates, houve só
palestras (relativamente frias).
Para os jornalistas, uma dificuldade suplementar: a ausência
de um centro de informações eficaz. Nem mesmo o nome dos palestrantes e a ordem de suas intervenções foram divulgados.
Não havia ninguém para dar informações sobre o evento
-nem no centro de imprensa,
no qual havia somente um aparelho de telefone funcionando.
No plenário, que lembrava o
do Congresso Nacional do Brasil
numa segunda-feira -quase vazio-, apenas os assessores dos
diferentes palestrantes e algumas
dezenas de interessados, visto
que a maior agitação ocorria no
hall de entrada e no café.
Num canto da enorme sala,
dois membros de uma delegação
oriental dormiam ao som das
vozes uníssonas dos palestrantes. A reportagem da Folha não
conseguiu descobrir sua identidade ou sua nacionalidade porque não quis cometer a indelicadeza de acordá-los.
O pouco movimento existente
no plenário ficou por conta de
jornalistas orientais, que se espremiam entre as bancadas para
obter um bom ângulo das delegações internacionais.
No ruidoso hall de entrada, a
movimentação era grande, porém a maior parte dos rostos era
desconhecida. Nenhuma das
grandes estrelas do socialismo
internacional estava presente.
Ocupados com problemas domésticos, os premiês britânico,
Tony Blair, e sueco, Göran Persson, além do chanceler (premiê)
alemão, Gerhard Schröder, não
puderam vir ao Brasil.
Ademais, alguns líderes cuja
presença havia sido confirmada
também não compareceram ao
evento. O russo Mikhail Gorbatchov, o ex-premiê espanhol Felipe González e o atual premiê polonês, Leszek Miller, cancelaram
sua vinda ao país na última hora.
Entre os presentes no hall ou
no café, portanto, poucas personalidades de peso. Com isso, o
mais interessante era observar a
indumentária dos delegados.
A gravata vermelha era quase
obrigatória para os homens
(também não faltaram, aliás, alguns sapatos e cintos da mesma
cor). Entre as mulheres, contudo, houve mais diversidade.
Africanas de belos trajes típicos
azuis ou verdes. Européias de
tailleur. Índias latino-americanas de roupas coloridas.
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